Ameaça de greve na TAP já obrigou cinco mil passageiros a mudar viagens

Sindicatos e Governo continuam sem acordo para travar paralisação de quatro dias, entre o Natal e o Ano Novo.

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A concretizar-se, esta greve poderá afectar 120 mil passageiros e causar um prejuízo diário de cerca de oito milhões à companhia Pedro Nunes

A ameaça de uma greve de quatro dias na TAP, entre o Natal e o Ano Novo, já obrigou cerca de cinco mil passageiros a mudar as viagens que tinham marcado para esta altura. Os sindicatos enviaram ontem ao Ministério da Economia uma proposta com as suas reivindicações e, por isso, ainda não há acordo para suspender os protestos. Trabalhadores continuam a exigir que a privatização do grupo seja suspensa.

Apesar de ainda não se saber se a plataforma sindical e o Governo vão chegar a acordo para cancelar a greve, o anúncio da paralisação a 27, 28, 29 e 30 de Dezembro já está a causar danos à TAP. Fonte oficial da transportadora aérea adiantou ontem ao PÚBLICO que “tem vindo a ser contactada por diversos passageiros com bilhetes que procuram alterar as datas ou pedir o reembolso do valor da viagem”. No total, cerca de “cinco mil passageiros” já optaram por fazê-lo, embora não se saiba quantos escolheram simplesmente cancelar o voo, com uma perda imediata para a companhia.

Neste momento, a TAP ainda não está a contactar proactivamente os clientes para reprogramar as reservas. A empresa aguarda ainda por uma posição oficial sobre as negociações entre os sindicatos e o Governo para tomar medidas que salvaguardem a operação. A companhia opera cerca de 300 voos por dia nesta altura do ano e estima-se que, a concretizar-se, a paralisação poderá afectar cerca de 120 mil passageiros e causar um prejuízo de oito milhões de euros diários.

Ontem era esperada uma posição da plataforma que junta 12 sindicatos da TAP sobre a manutenção dos protestos, depois de, na sexta-feira, terem saído de um encontro com o ministro da Economia e com o secretário de Estado dos Transportes com uma proposta do Governo para a criação de um grupo de trabalho que envolvesse os trabalhadores na definição do caderno de encargos para a privatização do grupo.

O comunicado, enviado às redacções ao início da noite de ontem, referia apenas que, “na sequência da proposta do Governo para a criação de um grupo de trabalho, a plataforma de sindicatos apresentou ao Governo um memorando visando a suspensão do processo de reprivatização e da greve convocada para os dias 27 a 30 de Dezembro do corrente ano”.

Porém, não se sabe ainda quais as reivindicações concretas inscritas no memorando enviado ao Ministério da Economia. Uma das exigências dos sindicatos passava pela manutenção, durante alguns anos, dos acordos de empresa, apesar de a companhia estar prestes a mudar de dono. 

Mas o que o comunicado deixa transparecer ainda é que os sindicatos continuam focados na suspensão da privatização do grupo, relançada em Novembro e da qual o Governo já deixou claro que não pretende desistir. Ainda ontem, o ministro da Economia, António Pires de Lima, afirmou que esta venda “é uma coisa boa para a TAP e principalmente para Portugal”.

A decisão prevê, numa primeira fase, a alienação de 66% do capital. No entanto, a intenção é que o Estado saia totalmente da empresa a médio prazo, com a alienação dos restantes 34% no período de dois anos após a assinatura do contrato de venda. 

A realização de uma greve geral na TAP é quase inédita, existindo apenas registo de ter ocorrido uma paralisação desde tipo em 1993. Mas, se a união de forças de 12 sindicatos para convocar um protesto conjunto foi um processo complexo, mais delicado poderá ser chegar a um consenso entre todos para suspender a paralisação. Entre pilotos, tripulantes, técnicos de manutenção ou operadores de handling há exigências e sensibilidades muito diferentes.     

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