Almonty está interessada em regressar à Mina da Panasqueira

Multinacional canadiana que chegou a liderar as minas de volfrâmio na Covilhã prepara-se para regressar a Portugal. Actividade das Minas mantêm-se deficitária mas à espera de desfecho até ao final deste ano.

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Minas da Panasqueira empregam 370 trabalhadores Daniel Rocha

A situação agonizante em que está mergulhada a Minas da Panasqueira poderá sofrer um volte-face, assim que se confirmar o interesse da empresa canadiana Almonty em comprar aquele que é o mais importante activo português na produção de volfrâmio (ou Paratungstato de Amónio – APT).

Em declarações ao PÚBLICO, o presidente de conselho de administração da empresa, Alfredo Franco, afirmou que o anterior proprietário da empresa, a Almonty, retomou o interesse na Panasqueira e está a avaliar o seu regresso à empresa. Esta multinacional canadiana, liderada por Lewis Black, chegou a controlar as minas de volfrâmio da Covilhã, em 2005, mas acabou por sair deixando-a nas mãos dos japoneses Sojitz Beralt Tin & Wolfram. Agora, prepara-se para regressar. 

A Almonty tem actualmente em exploração a mina de volfrâmio de Los Santos em Salamanca, outras duas minas na Austrália e uma outra na Coreia do Sul e, segundo Alfredo Franco, o seu presidente, Lewis Black, está a olhar com interesse para a mina em Portugal. “Têm-se verificado algumas visitas de técnicos portugueses que trabalham actualmente para a Almonty, no sentido de estudar a possibilidade de voltar a adquirir a Beralt Tin & Wolfram”, afirmou o actual presidente, que acrescentou esperar um desfecho (a confirmação ou o abandono do interesse na Panasqueira) até ao final deste ano.

Este renovado interesse vai ditar mais um compasso de espera na gestão da mina, ultimados que já foram todos os esforços para diminuir os custos de produção. Todas as medidas que haviam sido identificadas como possíveis no quadro da permanência da empresa em funcionamento, estão já implementadas e em execução.  E, admitiu Alfredo Franco, a intenção da redução do número de trabalhadores contínua. Porém, "após a saída de praticamente todos os trabalhadores com contratos a prazo e dos reformados, essa redução será cada vez mais difícil de atingir”, esclareceu o presidente da Mina, depois da empresa já ter perdido quase 20% dos seus trabalhadores.

O Estado, através da Direcção Geral de Energia e Geologia, concordou com a proposta de um plano de trabalhos conducente a uma redução da produção, mas o PÚBLICO sabe que a suspensão total da actividade chegou a estar em cima da mesa, uma  vez que a empresa perde dinheiro em cada unidade de volfrâmio produzida (a cotação do mineral paga metade do custo de produção, ao mesmo tempo que a diminui a reserva desse metal, considerado como um material crítico, e por isso, prioritário, por parte da Comissão Europeia.

A Direcção Geral de Energia e Geologia também ainda não deu resposta definitiva ao pedido de renúncia feito pela administração do recebimento dos encargos de exploração (royalties) por parte do Estado. “Tal só se deverá verificar quando existir um Governo aprovado pelo Parlamento”, esclareceu Alfredo Franco.

Sector em suspenso
Há mais de meio ano que a  Sojitz Beralt Tin & Wolfram tem procurado um comprador para a sua posição na Panasqueira, em iniciativas que não têm passado pela direcção em Portugal, mas que esta acompanha com compreensivel interesse. O facto de a cotação de quase todas as matérias-primas terem vindo a descer nos mercados internacionais tem afastado os investidores.

Carlos Caxaria, presidente da Empresa de Desenvolvimento Mineiro (EDM), a empresa pública do sector, disse ao PÚBLICO que estas alturas são, no entanto, as ideiais para que os investidores comprem activos (que serão mais baratos do que em épocas de melhores cotações nas matérias-primas) e que este período de baixa rentabilidade pode ser aproveitado pelas empresas para construir infra-estruturas no interior da mina para melhor as rentabilizar em alturas de alta.

Esta situação de baixa generalizada da cotação das matérias-primas tem mantido praticamente em suspenso todo o sector, como admitiu Carlos Caxaria, congratulando-se com o facto de os promotores das minas de Ferro de Moncorvo pretenderem avançar com o projecto - a expectativa é a de que os trabalhos possam ser reactivados no primeiro trimestre do próximo ano - mas informou que outros projectos em fase de prospecção, nomeadamente no ouro e no volfrâmio, estão a fazer um compasso de espera.

Num fórum sobre mineração que decorreu no Porto e onde se propôs a identificar os mais recentes desenvolvimentos da indústria extractiva em Portugal, Carlos Caxaria identificou várias ameaças à atracção de investimento em Portugal, mas também apontou pontos fortes: entre eles o potencial de tunsgténio (volfrâmio) que existe no Norte de Portugal e as boas infra-estruturas ferroviárias, portuárias e rodoviárias - esta última, caracteriza, "de classe mundial".

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