Alemanha insiste que resgate de Chipre não é modelo para futuro

Wolfgang Schäuble garante que “os depósitos na Europa estão seguros” e defende modelo que envolve os grandes depositantes no resgate de Chipre.

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Schäuble diz que as decisões sobre Chipre não abrem um precedente Sebastien Pirlet/Reuters

Depois de o Eurogrupo esclarecer que o programa de resgate de Chipre é um caso único, o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, veio reforçar que o plano cipriota, que prevê taxas sobre os depósitos acima dos 100 mil euros, não é um modelo para futuros programas de assistência a países da zona euro.

“Chipre é e continuará a ser um caso único e especial”, assegurou Schäuble numa entrevista divulgada neste sábado pelo jornal alemão Bild.

O titular das Finanças explicou que os principais bancos eram, “na prática, insolventes” e que o Estado cipriota não podia “assegurar o dinheiro dos depósitos” devido à hipertrofia do sector bancário do país. “Por isso, tiveram que ser os outros estados da zona euro a ajudar”, defendeu.

Mesmo assim, indicou, o Eurogrupo decidiu que “proprietários e credores participassem nos custos” do resgate, “isto é, aqueles que contribuíram para originar a crise”.

O programa negociado como contrapartida para Nicósia receber um pacote financeiro de dez mil milhões de euros da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional rompe com o modelo de salvamento dos bancos até aqui utilizado na zona euro, passando a envolver no resgate os accionistas, os detentores de obrigações e os grandes depositantes das instituições financeiras resgatadas.

A posição de Schäuble surge depois de o presidente do Eurogrupo, o holandês Jeroen Dijsselbloem, se contradizer a propósito da solução adoptada para Chipre: primeiro, admitiu que o modelo poderia ser usado noutros casos, mas horas depois viria a recuar, garantindo que não há modelos de resgate e que Chipre é um caso excepcional. Declarações que levaram a Comissão Europeia a rejeitar que as linhas traçadas pelo programa de assistência possam ser um modelo para futuros resgates.

Schäuble acredita que a decisão em relação a Chipre não cria um precedente. Na entrevista ao Bild, o ministro das Finanças de Angela Merkel clarifica a postura do Governo alemão, cuja indefinição sobre o assunto também contribuiu para a turbulência nos mercados esta semana. “Os depósitos na Europa estão seguros”, acrescentou.

As declarações de Schäuble são conhecidas um dia depois de o Presidente cipriota, Nicos Anastasiades, garantir que a situação no país está “controlada”, sem, contudo, deixar de apontar o dedo aos parceiros da moeda única, que criticou pelas “exigências sem precedentes que forçaram Chipre a tornar-se uma experiência”.

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