Agricultura não contribuiu para o aumento do emprego

Sazonalidade explica aumento expressivo no trimestre anterior e queda nos meses de Julho a Setembro

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Entre Maio e Julho há mais emprego sazonal na agricultura Rui Soares

No terceiro trimestre do ano, o sector da agricultura perdeu 16.500 trabalhadores. A população empregada neste sector caiu 3,4%, para um total de 463.600 pessoas e, ao contrário do que sucedeu no trimestre anterior, a agricultura não ajudou a levantar os números do desemprego.

Tendo em conta os dados ontem revelados pelo INE, este sector pesa agora 10,1% no total da população empregada, menos do que no segundo trimestre (10,7%). Nessa altura, entre Abril e Junho – meses importantes de colheita – dos 72.400 novos empregos criados em Portugal, 46.200 foram na agricultura. Ou seja, valiam 63,8% dos novos postos de trabalho. Contudo, se recuarmos a 2012, a representatividade da agricultura na criação de emprego chegava perto dos 84% no segundo trimestre nesse ano.

Os dados do INE mostram o comportamento sazonal deste trabalho. Quer em 2011, quer em 2012 ou 2013, regista-se sempre um aumento do primeiro para o segundo trimestre e uma queda do segundo para o terceiro. Janeiro, Fevereiro e Março são os piores para o emprego no sector, diz João Machado, presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP).

“Na análise dos dados, é preciso ver o que é emprego sazonal e o que é permanente. Neste momento estamos ainda a sentir os efeitos das vindimas, depois teremos a apanha da azeitona e no final deste mês veremos os números a crescer. Mas depois teremos a grande quebra” no primeiro trimestre de 2014, explica.

Os picos maiores de trabalho ocorrem entre Maio e Julho, altura da apanha da fruta e dos hortícolas, onde ainda se recorre a muita mão-de-obra estrangeira. Os portugueses estão a trabalhar mais nos campos, mas esta é uma área com potencialidade para crescer, diz João Machado. “Curiosamente, ainda há empregos que não estamos a conseguir preencher com nacionais. Há dois anos, era impossível contratar portugueses, agora é mais fácil, mas ainda há mão-de-obra estrangeira”, adianta.

Mais do que, directamente, as exportações – que no agro-alimentar aumentaram 7% nos primeiros sete meses de 2013, para mais de 3,2 mil milhões de euros – serão os investimentos do sector a contribuir para alimentar o emprego a longo prazo. “Temos tido sempre investimentos de mais de mil milhões de euros por ano e investimos seis mil milhões nos últimos cinco anos. É isso que dá mais emprego, mas também mais produtos e exportações”, sublinha João Machado. A CAP acredita que, dentro de três ou quatro anos, os efeitos no trabalho no sector irão sentir-se não só no emprego sazonal, mas também no de carácter permanente.

 
 
 
 

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