Agências de viagem esperam ligeiro aumento das vendas no Carnaval

Mal saia da escola na tarde de sexta-feira, 13, a pequena Constança, de sete anos, terá os pais e a irmã de 15 meses à espera para se dirigirem ao aeroporto. “Aproveitamos todas as férias da Constança para fugirmos. O bichinho pelas viagens está inscrito no nosso ADN e viajamos desde sempre. Estes dias de Carnaval são mais um pretexto para fazermos malas. Este ano com um toque ainda mais romântico, por enquadrar o “Dias dos Namorados”. Vamos passar o dia de 14 em Annecy, em França, mas bem pertinho de Genebra. Seguiremos depois para Megève e Chamonix, onde iniciaremos a Madalena na prática dos desportos de Inverno. Mas dia 17 já cá estamos”, explica ao PÚBLICO a mãe, Rita Aleluia.

A família Vieira Aleluia não espera pelas decisões governamentais para marcar as férias (“Até ao final do ano temos já várias escapadinhas programadas, dentro e fora de Portugal”, garante) já que ela está em licença sabática e o marido é empresário, e gestor do seu próprio tempo. As únicas restrições a que se sujeita são aquelas que são ditadas pelo calendário escolar. 

Uma posição que o porta-voz da Agência Abreu, corrobora. Em declarações ao PÚBLICO, Alberto Machado recorda que o Carnaval é, por definição, o primeiro período do ano em que a procura de viagens se torna relevante, “desde logo por se tratar das primeiras férias escolares”. “Resulta daí que, mesmo sem tolerância de ponto, as famílias portuguesas com filhos em idade escolar e, naturalmente, com folga orçamental para viajar, continuam a marcar férias neste período”, sintetiza. 

O facto de este ano o sábado de Carnaval coincidir com o dia dos Namorados trouxe “um argumento de venda supletivo neste período”. No topo das preferências dos clientes da mais antiga agência de viagens em Portugal estão o Algarve e a Serra da Estrela, em termos nacionais. No exterior, surgem algumas capitais europeias (designadamente Paris, Londres, Istambul, Roma, Barcelona e Amesterdão), os parques temáticos (Disneylândia Paris e Fuerteventura), Cabo Verde e o Brasil, onde impera o ‘clássico’ Carnaval do Rio de Janeiro, mas também Salvador e Fortaleza. 

Segundo Alberto Machado, o número de reservas registado até agora aponta já para um ligeiro crescimento do volume de facturação face ao ano anterior.

Também a TopAtlântico, empresa que foi do Grupo Espírito Santo e foi vendida no final do ano passado à suíça Springwater, espera que as vendas sigam a tendência evidenciada desde o ano passado e apresentem um crescimento moderado. Rogério Cardoso, director de comunicação da empresa, sublinha, porém, que a importância do Carnaval se tem vindo a esbater. “Até poucos anos atrás, o Carnaval era um dos períodos de referência no panorama de viagens em Portugal. Contribuíam para esse facto a terça-feira feriado que proporcionava uma sempre apetecível ponte, ou um período coincidente de férias escolares. Com o desaparecimento de ambos, hoje em dia, gera um muito leve aumento na procura”, afirma o porta-voz da TopAtlântico. 

Para Francisco Calheiros, presidente da Confederação do Turismo Português, a importância que o Carnaval tem para o sector do turismo - e consequentemente para as economias locais e regionais - deveria merecer por parte do Governo outra atenção. As indefinições a que todos os anos os portugueses são sujeitos em termos da concessão de tolerância de ponto “nunca são benéficas para o sector”, diz Calheiros, porque “a actividade turística exige planeamento e organização”. “Se por um lado, compreendemos a necessidade de aumentar a produtividade nacional, por outro, entendemos que existem momentos em que é necessário ponderar a relação custo/benefício e este é um desses momentos”, argumenta o presidente da Confederação Portuguesa de Turismo.

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