Agência DBRS corta rating do BES

A agência de notação financeira prevê que o perfil de liquidez e de financiamento do BES continue difícil.

Foto
Carlos Costa pode avançar com a liquidação do BES "mau" Nuno Ferreira Santos

A DBRS cortou nesta sexta-feira o rating da dívida de longo prazo e dos depósitos do Banco Espírito Santo (BES) de BBB (low) para BB (low), mantendo as perspectivas negativas, e admite a possibilidade de quebra de depósitos.

A agência de rating canadiana baixou ainda a nota atribuída à dívida subordinada emitida pelo BES e pelas suas subsidiárias de B (high) para CC (high), ficando também as perspectivas negativas, o que significa que poderá haver novas descidas da notação agora atribuída.

A DBRS destaca o "impacto severo" no BES das informações conhecidas no anúncio dos resultados do banco no primeiro semestre, que registou prejuízos de 3577,3 milhões de euros entre Janeiro e Junho deste ano.

A instituição refere a "natureza das perdas, que evidencia falhas de controlo e possíveis comportamentos ilegais" e "antecipa que estas questões possam ter um impacto significativo nos clientes", incluindo uma potencial fuga de depositantes, lê-se ainda no documento hoje divulgado.

A agência de notação financeira espera que "o perfil de liquidez e de financiamento do BES continue difícil, penalizado pela incerteza persistente, apesar do acesso do banco à liquidez do Banco Central Europeu".

O BES anunciou na quarta-feira à noite um resultado líquido negativo de 3577,3 milhões de euros entre Janeiro e Junho, um valor que compara com o prejuízo de 237,4 milhões de euros, apurado no primeiro semestre de 2013.

"Factores de natureza excepcional ocorridos durante o corrente exercício determinaram a contabilização de prejuízos, de imparidades e de contingências que se reflectiram num prejuízo de 3577,3 milhões de euros", lê-se no comunicado enviado pelo banco à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

O novo presidente executivo do BES, Vítor Bento, anunciou logo após a divulgação dos resultados semestrais do banco que a instituição vai avançar imediatamente com um aumento de capital.

O Banco de Portugal disse que factos recentemente descobertos no BES apontam para a "prática de actos de gestão gravemente prejudiciais" e admite consequências contra-ordenacionais e até criminais para a ex-equipa de gestão liderada por Ricardo Salgado. No entanto, o banco central assegurou que o BES tem condições para manter a sua actividade e garante a "plena protecção dos interesses dos depositantes".

Sugerir correcção
Comentar