Administração do BPI reúne hoje em clima de divisão

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Espanhóis do CaixaBank querem controlar o BPI António Borges

O Conselho de Administração do Banco Português de Investimento (BPI) vai juntar-se esta sexta-feira, em Lisboa, para debater, designadamente, o futuro da instituição liderada por Fernando Ulrich.

O encontro decorre uma semana depois do principal accionista, o Caixabank, ter retirado do mercado a Oferta Pública de Aquisição (OPA) lançada em Fevereiro sobre a totalidade do BPI. O desfecho da operação pôs em evidência diferentes pontos de vista sobre matérias estratégicas relacionadas com o futuro do terceiro maior banco português. Mas também uma fractura accionista com dois protagonistas: o CaixaBank, com 44,1%, e a Santoro, de Isabel dos Santos, com 19% e poder de bloqueio. 

E tudo indica que esta sexta-feira a administração não executiva presidida por Artur Santos Silva possa começar a analisar o impacto na instituição do fim da OPA que vai obrigar o banco a equacionar novos caminhos que permitam ultrapassar o impasse. Recorde-se que em comunicado, o grupo catalão esclareceu que, com o fim da oferta, iniciará  “uma fase de análise às alternativas estratégicas disponíveis em relação à sua participação no BPI", isto, tendo em conta os objectivos “do seu plano estratégico 2015-2018." No mercado admite-se que o Caixabank possa estar a ponderar começar a desinvestir do BPI mas terá de encontrar um comprador para as suas acções que aceite, nomeadamente, entrar na instituição com o actual modelo de governação de estatutos blindados a 20% do capital.

Em cima da mesa dos accionistas do BPI está uma proposta de fusão com o BCP apresentada pela Santoro como alternativa à OPA espanhola. Sublinhe-se que o BCP já veio dizer que está disponível para conversar sobre o tema, caso a gestão de Ulrich aceite sentar-se à mesa das negociações. Em resposta o BPI fez saber que não estudaria a hipótese da concentração enquanto a OPA estivesse a decorrer. Com a OPA "enterrada" estão criadas as condições para que se inicie um debate à volta do tema, mas resta saber se ainda há vontade para o fazer. 

A oferta do Caixabank foi lançada em Fevereiro e retirada a 18 de Junho após a desblindagem dos estatutos ter sido chumbada em assembleia-geral. A mudança de regras era um dos pontos exigidos pelo Caixabank para que a operação tivesse sucesso. Os espanhóis pretendiam fazer equivaler o seu poder no BPI ao investimento realizado, dado que estatutariamente só podem votar com 20% dos direitos de voto, ou seja, metade da sua posição.

Mas apesar da desblindagem ter sido negada, o Caixabank não está sozinho. E hoje existe no BPI uma maioria simples, de 52,45%, favorável aos seus interesses  (pelo menos no que respeita à desblindagem estatutária), mas insuficiente para fazer valer as suas pretensões (de alteração estatutária)  que necessitavam de 75% dos votos em assembleia.O PÚBLICO tentou em vão obter um comentário do BPI sobre as matérias que serão debatidas no encontro desta sexta-feira.

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