Actividade económica na zona euro acelera mais que o previsto

Dados das encomendas às empresas mostram que a economia europeia está a fortalecer-se no primeiro trimestre. Depreciação do euro e queda do preço do petróleo ajudam.

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Exportações da Alemanha para fora da zona euro beneficiaram com depreciação da divisa REUTERS/Fabian Bimmer

Apoiada pela compra de activos do BCE , a depreciação do euro e a descida dos preços do petróleo, a economia europeia continua a dar sinais positivos no início deste ano.

Desta vez, são os dados do índice PMI – Purchasing Managers Index - um dos indicadores que mais rapidamente estima como está a evoluir a actividade económica – que voltaram a registar uma evolução positiva, com uma melhoria dos resultados em toda a zona euro e, em particular, na maior economia europeia, a Alemanha.

O índice PMI – que resulta dos dados das encomendas registadas pelas empresas – subiu na zona euro de 53,3 pontos em Fevereiro para 54,1 pontos em Março. Os valores acima de 50 pontos significam que a economia se está a expandir, ao passo que valores abaixo de 50 pontos indicam a existência de uma contracção.

Economistas inquiridos pela agência Bloomberg antes da divulgação dos dados previam que o índice PMI para a zona euro se cifrasse em 53,6 pontos.

A Markit, a instituição responsável por estes dados, diz que os 54,1 pontos registados sugerem que a economia da zona euro pode ter crescido 0,3% durante o primeiro trimestre do ano, o que confirmaria a existência de uma aceleração.

A puxar pela zona euro esteve em particular a sua maior economia. O índice PMI na Alemanha passou de 53,8 para 55,3 pontos, o que de acordo com a Markit pode apontar para um crescimento do PIB no primeiro trimestre de 0,4%.

Em França, o índice PMI desceu de 52,2 para 51,7 pontos. Ainda assim, o facto de o indicador se manter acima dos 50 pontos significa que se pode prolongar uma tendência de retoma na economia.

A evolução positiva da economia europeia durante o primeiro trimestre deste ano é vista pelos analistas como uma resposta a dois fenómenos que se acentuaram no final de 2014: a depreciação do euro e a descida dos preços do petróleo.

O facto de os combustíveis ficarem mais baratos faz com que os consumidores europeus fiquem com um maior espaço de manobra financeira para adquirirem mais produtos. Este efeito positivo é particularmente sentido pelo facto de a zona euro ser claramente deficitária em bens energéticos.

A depreciação do euro, por seu lado, ajuda em particular as empresas exportadoras da zona euro, já que os seus produtos ficam imediatamente mais competivos face aos que são produzidos fora da zona euro. Isto permite às empresas exportar mais ou, em alternativa, alargar as suas margens de lucro.

O anúncio por parte do Banco Central Europeu de que iria, a partir de Março, começar a realizar compras 60 mil milhões de euros de activos todos os meses até Setembro de 2016 foi um dos motivos para a queda do euro face às outras divisas internacionais.

O presidente do BCE, Mario Draghi, tem revelado, nas últimas semanas, estar bastante mais optimista em relação à evolução da economia europeia, afirmando que as medidas anunciadas pelo banco central estão a produzir resultados.  “O crescimento está a ganhar dinâmica. As bases para a retoma economia na zona euro fortaleceram-se claramente. Isto deve-se em particular à queda dos preços do petróleo, à melhoria gradual da procura externa, às condições de financiamento mais fáceis trazidas pela nossa política monetária e à depreciação do euro”, afirmou Mario Draghi na segunda feira, numa intervenção no Parlamento Europeu.

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