Actividade económica em terreno negativo há dois anos

Nunca a economia esteve tanto tempo em contracção. E o consumo privado cai há 27 meses.

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A queda do consumo em Fevereiro foi a menos acentuada desde Julho de 2011 Adriano Miranda

Há 24 meses consecutivos que o indicador coincidente da actividade, que enquadra a evolução do Produto Interno Bruto (PIB), está em terreno negativo. A queda está a abrandar, mas dura já há dois anos e é a mais longa desde, pelo menos, 1978, quando o Banco de Portugal (BdP) começou a registar estes dados.

Em Fevereiro, a actividade terá recuado 1,4% em relação ao mesmo mês do ano passado e o consumo privado diminuído 3,8%, completando 27 meses consecutivos em queda, revelou nesta sexta-feira o BdP.

Os dois indicadores “registaram uma melhoria” (o da actividade caíra 1,5% em Janeiro e o consumo descera 4,2%), mas mantêm-se próximos de níveis historicamente baixos num ano em que o Governo já reconheceu que o cenário da evolução da economia será pior, com o PIB a recuar  2,3% e o desemprego a poder chegar a 19% da população activa no final de 2013.

Os indicadores do supervisor bancário têm registado quedas menores desde o início do ano passado, depois de a actividade económica e o consumo privado atingirem os picos mais negativos desde o final dos anos 1970. Ao cair 1,4%, o indicador coincidente da actividade económica regista a menor diminuição homóloga desde Junho de 2011. E a queda do consumo é também a menos acentuada desde essa altura.

Com o aumento da carga fiscal, a redução do rendimento disponível e o aumento do desemprego (para 17,6% em Janeiro), nunca a economia esteve em terreno negativo tantos meses consecutivos como agora, ultrapassando no tempo e em intensidade as descidas observadas durante a crise financeira internacional 2008-2009.

Quando apresentou o Orçamento do Estado para este ano, o Governo previa uma queda do PIB de 1%, um cenário que o ministro das Finanças, Vítor Gaspar, reviu para pior há uma semana, justificando a deterioração da conjuntura com a queda da procura externa.
 
 

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