Acções do BCP ajustam-se de 0,80 euros para 0,13 euros

Valor teórico dos direitos de participação no aumento de capital determinado em 66,48 euros.

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Pequenos accionistas devem avaliar impacto do aumento de capital na sua carteira. Fabio Augusto

Parece confuso, mas é mesmo assim. As acções do BCP, que nesta segunda-feira fecharam a valer 0,8031 euros, passam a negociar-se na terça-feira com o valor ajustado para 0,1383 euros e já não garantem a possibilidade de participar no aumento de capital em curso.

O ajustamento no valor das acções é explicado pelo destaque dos direitos, a que é atribuído um determinado valor, porque garantem a participação no reforço de capital. Tendo em conta o fecho desta segunda-feira, o valor teórico de cada direito corresponde a 66,48 euros.

Os direitos podem ser vendidos em bolsa a partir de quinta-feira (19) e até 30 de Janeiro. A venda pode e deve ser feita pelos accionistas que não pretendam ir ao aumento de capital, e a compra será por quem pretende entrar ou reforçar no capital do banco liderado por Nuno Amado. O valor teórico está determinado, a partir da cotação desta segunda-feira, em 66,48 euros, mas o valor de negociação vai depender da oferta e da procura que vier a verificar-se.

Esta segunda-feira foi o último dia em que as acções (ainda com direitos incorporados) permitiram a participação no gigante reforço de capitais que está ser pedido aos accionistas, que ascende a 1300 milhões de euros. Ou seja, as acções compradas a partir desta terça-feira já não garantem a participação directa na operação, restando apenas a alternativa de compra de direitos.

O aumento de capital em 1300 milhões de euros, realizado através da emissão de 14 mil milhões de novas acções, vendidas a 9,4 cêntimos cada, dilui de forma muitíssimo acentuada a participação dos accionistas que não acompanhem a operação. As novas acções, juntamente com as 157,4 milhões vendidas aos chineses da Fosun, em Novembro do ano passado, corresponderão a 94,79% das acções representativas do capital social do BCP.

Como se trata de uma operação sindicada, ou seja, com as acções não subscritas pelos accionistas a ficarem na posse de um conjunto de bancos, o peso das novas acções vai acabar por se verificar, reduzindo imenso a participação dos accionistas e alargando a base sobre a qual serão distribuídos eventuais resultados a gerar no futuro.

Os pequenos accionistas terão agora de avaliar se querem ir ao aumento de capital, comprando parte ou a totalidade das acções a que têm direito, ou se é melhor vender os respectivos direitos de subscrição, o que lhes permitirá reduzir a perda que sofrerão com a diluição do valor após a operação.

Os accionistas que ficarem totalmente à margem do aumento de capital vão agravar as suas perdas. Os que não pretendam participar devem equacionar a possibilidade de vender as acções ou pelo menos os direitos inerentes, uma possibilidade de que alguns se esquecem ou desconhecem.

O banco lembra que “caso os direitos de subscrição não sejam exercidos [compra de novas acções] ou alienados (…), os mesmos cessarão sem contrapartida, não havendo lugar a qualquer compensação por esse facto, sendo as correspondentes acções rateadas” por quem manifestou interesse em subscrever mais títulos do que aqueles a que tinha direito.

O período de subscrição das novas acções decorre entre 19 de Janeiro e 2 de Fevereiro e as ordens de subscrição poderão ser revogadas apenas até 30 de Janeiro. O apuramento dos resultados da oferta deverá ocorrer a 3 de Fevereiro de 2017 e a admissão à negociação das acções a 9 de Fevereiro.

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