Acções da PT caem 4,7% em bolsa e títulos do BCP disparam 26,9%

Instabilidade no BES penalizou títulos da PT, que anunciou a demissão de dois administradores não executivos. BES recupera, com a cotação a disparar 13,8%.

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A PT, presidida por Henrique Granadeiro, comprou 897 milhões de euros em papel comercial da Rio Forte Daniel Rocha

A reacção negativa do mercado à situação de crise no Grupo Espírito Santo (GES) está a fazer estragos no comportamento de outras cotadas da Bolsa de Lisboa. A cotação da PT esteve em queda acentuada na sessão desta terça-feira, mas acabou por recuperar nas últimas horas.

Foi uma verdadeira montanha russa a sessão de negociações desta terça-feira, com a cotação da PT em forte queda (4,7), as acções do BCP a dispararem perto de 26,9% e o BES inverter as perdas dos últimos dias com uma subida expressiva de 13,7%.

Feitas as contas, o PSI-20 encerrou com uma queda de 0,75% em relação a segunda-feira. Os títulos da PT chegaram a desabar mais de 9% durante a manhã, para mínimos de 1996, e acabaram por fechar com uma desvalorização de 4,7%, para 2,55 euros.

A valorização mais expressiva do PSI-20 pertenceu ao BCP, nesta que foi uma sessão em alta para todo o sector financeiro. A subida de 26,9%, que colocou os títulos nos 0,141 euros, acontece no primeiro dia em que as acções do banco se negociaram sob a forma de ex-direitos, ou seja, destacadas dos direitos de subscrição do aumento de capital que a instituição está a realizar.

Já no caso da PT, a trajectória descendente dos títulos reflecte uma sucessão de factos nos últimos dias relacionados com a instabilidade no Banco Espírito Santo (BES): a operadora comunicou nesta terça-feira duas demissões no conselho de administração, depois de ontem vir esclarecer ao mercado as condições da compra de papel comercial da Rio Forte (holding que concentra os activos não financeiros do GES).

Da administração saíram Fernando Magalhães Portella e Otávio Marques de Azevedo, dois administradores não executivos da PT, em representação da Oi. A decisão foi anunciada ao mercado, em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), minutos antes da abertura da Bolsa de Lisboa, e reflectiu-se de imediato no comportamento dos títulos.

Embora a operadora liderada por Henrique Granadeiro tenha vindo esclarecer na segunda-feira, a meio da sessão bolsista, as motivações que levaram a empresa a comprar 897 milhões de euros em papel comercial da Rio Forte, os títulos continuaram em queda. E a descida que se regista nesta terça-feira vem acentuar ainda mais a perda de valor das acções nos últimos dias — em apenas três sessões, a cotação da PT já recuou quase 12%. Recorde-se que o BES detém uma posição de 10% na PT e que esta é, por sua vez, accionista do banco, com uma participação de 2%.

Com a situação de instabilidade no BES e a forte contracção dos títulos do banco e da holding Espírito Santo Financial Group (ESFG), as vendas a descoberto das acções destas duas empresas estiveram proibidas na sessão desta terça-feira, por decisão da CMVM.

Os títulos do BES começaram a corrigir as quedas dos últimos dias e acabaram a fechar com a segunda subida mais expressiva do índice. As acções do banco que passará a ser liderado por Amílcar Morais Pires cresceram 13,8%, valendo 0,685 euros. Já a cotação da ESFG continuou a recuar. Com uma queda de 1,4%, os títulos valem agora 1,381 euros.

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