Em dia de estreia, acções da Mota-Engil África recuperam da queda inicial e encerram a valer 11,50 euros

Realização de mais-valias levaram a queda superior a 18% nas primeiras horas de negociação na bolsa de Amesterdão

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Grupo liderado por António Mota está a crescer mais na América Latina do que em África NFACTOS/FERNANDO VELUDO

As acções da Mota-Engil África encerraram o seu primeiro dia de cotação a valer 11,50 euros, exactamente o valor a que iniciaram nesta segunda-feira o seu percurso na bolsa de Amesterdão.

O valor de fecho esconde a queda registada durante as primeiras horas de negociação, que chegou a superar os 18%, atirando o valor de cada acção para 9,40 euros, gerada pela pressão vendedora de quem quis tornar líquido o dividendo pago em espécie pela Mota-Engil no início do ano.

Recorde-se que a Mota-Engil entregou aos seus accionistas, a título de dividendo em espécie, acções da Mota-Engil África, que só desde esta segunda-feira, com a admissão da empresa na bolsa de Amesterdão, puderam ser transaccionadas.

O montante de acções transaccionado foi reduzido, num total de cerca de 120 mil, o que contribuiu para acentuar as quedas. A falta de liquidez da Mota-Engil África, consequência da suspensão da oferta inicial de acções (IPO, na sigla inglesa) pode ser uma forte condicionante dos títulos.

Sem o IPO, passou a ter cotado apenas os 20% do capital da Mota-Engil África, correspondendo a 100 milhões de acções. Do universo total, cerca de 60% está nas mãos da família Mota, pelo que o free float é muito reduzido. Foi o reduzido capital disperso que impediu a cotação na bolsa de Londres, primeira escolha da empresa portuguesa, já que exige 25% de dispersão de capital.

Para aumentar o capital disperso, condição indispensável para uma maior liquidez do título, a Mota-Engil terá de entregar mais acções, reduzindo a participação directa, que é actualmente de 80%, ou realizar um aumento de capital na Mota-Engil África e não acompanhar essa operação. É natural que, em 2015, o grupo português avance para uma das duas hipóteses.

Na sessão de estreia, o presidente executivo da Mota-Engil África, Gilberto Rodrigues, referiu que a cotação em Amesterdão representa "uma nova fase no desenvolvimento da empresa", que permite "reforçar a visibilidade nos mercados de capitais" e assegurar “uma maior e mais alargada diversificação de investidores, bem como uma expectativa a prazo de realizar uma capitalização adequada que permitirá impulsionar com um ainda maior dinamismo a expansão que perspectivamos da actividade pelo continente africano em função do pipeline de projectos existente”.

Para Gonçalo Moura Martins, presidente executivo do grupo Mota-Engil e chairman da Mota-Engil África, a cotação da empresa agora iniciada “representa, acima de tudo, o prosseguir da sua estratégia de diversificação e presença no mercado de capitais global, como componente essencial da diversificação das suas fontes de financiamento e exposição, bem como o cumprir do compromisso estabelecido de entregar o dividendo junto dos accionistas, de acordo com o que estes haviam aprovado, por unanimidade, em assembleia-geral especificamente convocada para o efeito no passado dia 27 de Dezembro.”

Na bolsa de Lisboa, as acções da Mota-Engil fecharam em queda ligeira de 0,8%, para 4,17 euros.

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