A lição de Delors

Os cinco sábios - o Conselho de Assessores Economistas do Governo alemão - regressam com o estudo “Lições da crise grega e a estabilidade da zona euro”. Reconhecem falhas na génese da moeda única. Propõem a saída do euro, como solução extrema para a insolvência de um Estado-membro. Objectivo: evitar que a unidade monetária seja posta em causa, o derrube por efeito dominó. Constatam que eleitores credores não estão dispostos a financiar, em permanência, os devedores. A “união por transferências” dos mais ricos para os mais débeis priva-os da motivação para reformas e torna-os incumpridores da consolidação orçamental. O famoso risco moral. Mercados financeiros, vulgo “instância reguladora anónima”, disciplinariam orçamentos. Temor germânico que sempre cristalizou a integração europeia. Relembre-se que apesar do Bundesbank, nasceu o sistema monetário europeu, a Alemanha se unificou e o euro existe. Passaram mais de sete anos sobre o início da crise e o euro foi salvo por medidas consideradas impossíveis: revisão do Pacto de Estabilidade e Crescimento, Pacto Orçamental, Mecanismo Europeu de Estabilidade, União Bancária e sobretudo a acção do BCE, adquirindo obrigações emitidas pelos governos da zona euro e que ascendem a 60 mil milhões de euros mensais, pelo menos, até Setembro de 2016. Falta ainda muita coisa: governação económica reforçada pelo pilar comunitário com capacidade orçamental, mecanismos de assistência renovados, dimensão social com amarração fiscal, institucional e democrática. Mais política. Será que compreenderam que a força e os equilíbrios europeus assentam na “concorrência que estimula, na cooperação que reforça e na solidariedade que une”, como propunha Delors?

Economista

 

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