A empresa que cria soluções da cave ao telhado afastou a crise com novos produtos

Grupo suíço, líder mundial de produtos químicos para a construção e indústria, tem uma fábrica em Ovar e quer facturar 35 milhões.

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Fabrica da Sika, em Ovar, teve origem na SITAL, Sociedade Industrial de Tintas e Anticorrosivos Adriano Miranda
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Os trunfos são colocados em cima da mesa. Tem uma gama de produtos para a construção e indústria que é difícil encontrar num único catálogo e habituou-se a puxar pela cabeça para encontrar soluções que resolvam problemas dos clientes e fortaleçam o seu ramo de actividade. O grupo suíço Sika, líder mundial no fornecimento de produtos químicos de colagem e selagem, impermeabilização, amortecimento, protecção e reforço de infra-estruturas, tem uma fábrica em Ovar, a sede em Vila Nova de Gaia, uma delegação em Alfragide, e emprega cerca de uma centena de funcionários. Sob a sua alçada está a Sika Angola, que abriu em 2011.

A empresa continua de pedra e cal em Portugal. Mesmo quando a crise lhe bateu à porta. A regra é contornar as dificuldades. “A crise foi uma oportunidade, limpou o mercado e os que souberam adaptar-se sobreviveram”, refere Richard Aubertin, director-geral. O ano de 2012 não foi fácil e a facturação não ultrapassou os 26 milhões de euros. 

Nesse ano, continuou a investir em novos produtos para pavimentos, impermeabilização de coberturas, revestimentos decorativos de paredes, aditivos para betão. Concentrou-se em tecnologias que procuram preencher nichos de mercado e que as vendas confirmam que há muita procura. E deu os primeiros passos no negócio das tintas decorativas que são produzidas na fábrica de Ovar. Há dois anos, focou-se no mercado asiático e agora tem o africano debaixo de olho. Angola é o principal mercado exportador da Sika Portugal. 

Os novos produtos tiveram impacto na facturação. Em 2013, a empresa facturou mais três milhões do que no ano anterior. Em 2014, facturou 32 milhões e espera fechar 2015 com 35 milhões. Nos primeiros três meses do ano, as exportações representaram um volume de negócios de cerca de três milhões e cresceram 40% em relação ao ano passado. 

Aubertin acredita que o mercado português vai crescer, mesmo quando o sector da construção depende essencialmente de investimento privado. “Haverá uma grande surpresa no que respeita à vitalidade da economia logo que os apoios públicos sejam desbloqueados”, diz. 

É em Ovar que está a produção da Sika Portugal, que teve origem na SITAL – Sociedade Industrial de Tintas e Anticorrosivos, Lda, que nasceu em 1957. Há tanques de metal onde se misturam vários líquidos, laboratórios com materiais para testar, papéis com fórmulas, vários instrumentos de manuseamento de produtos químicos. Em Ovar, produz-se adjuvante para betão, aditivos, pavimentos, revestimentos, impermeabilizantes e butílicos. Há três anos que também se produz tintas decorativas, uma nova área de negócio que permite chegar ao consumidor através do grande retalho. “É uma oportunidade”, adianta o director-geral. 

Pensar fora da caixa 
Não há sombras ou zonas cinzentas na estratégia da empresa. “A Sika Portugal não está autorizada, por exemplo, a vender a um empreiteiro espanhol. Se precisar de algum produto da fábrica de Ovar, ele é enviado para Espanha”. Independentemente do que as fábricas Sika produzem, a estratégia passa por exportar para as outras unidades do grupo para não haver concorrência geográfica. 

“Quem compra Sika é porque tem um problema para resolver e, por isso, somos constantemente desafiados a encontrar soluções para os nossos clientes”, afirma Aubertin. A empresa usa como cartão-de-visita soluções que tratam da cave ao telhado e, por isso, tenta dar uma saída aos clientes. “Quem tem problemas liga para a Sika porque sabe que temos soluções”. 

Por isso, não há limites à inovação. “Estamos sempre a pensar fora da caixa. Costumo dizer aos meus colaboradores que precisamos de pensar no que não existe no momento, que precisamos ir mais além”. A empresa privilegia a costela de inovação para resolver problemas na construção, na indústria, na marinha, sem descartar a experiência acumulada nas áreas de selagem, colagem, isolamento, reforço e protecção. “Há sempre novos produtos”, garante. “As tintas são um exemplo. Por que não introduzir nanotecnologia nas tintas para incorporar a energia solar? Se recentemente inventaram um carro que se limpa sozinho, por que não aproveitar o conceito para o negócio da construção, numa parede que se limpa sozinha, por exemplo?”. 

A sustentabilidade é também uma preocupação permanente, até porque os clientes estão cada vez mais exigentes, procuram produtos amigos do ambiente e com as novas tecnologias há mais possibilidades energéticas. Neste momento, tem em curso um programa de sustentabilidade que pretende reduzir em 3% o consumo de energia, água e resíduos produzidos por ano. 

A primeira grande oportunidade da Sika aconteceu no início do século passado. Em 1910, agarrou a empreitada de impermeabilizar o túnel ferroviário de Gottard, na Suíça. Prova superada, um indicador de que a empresa seria capaz de encarar desafios. Conquistou mercados, tornou-se líder. O grupo tem a sua base em Zurique, Suíça. No contexto global, os números impressionam: tem 160 fábricas, está em 90 países, emprega cerca de 16.000 funcionários e fechou 2014 com um volume de negócios de 5,2 mil milhões de euros. 

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