“A economia não se pode só alavancar com base nas exportações”, defende presidente da AICEP

Pedro Reis diz que é tempo de passar “da fase das finanças para a fase da economia” e das empresas

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O presidente da AICEP, a agência portuguesa de investimento e comércio externo, defendeu, esta terça-feira, que chegou a altura de “passar da fase das finanças para a fase da economia” e, sobretudo, para a “economia das empresas”. À margem do fórum Brinde à Cerveja, organizado pela associação do sector, Pedro Reis admitiu que uma “economia não se pode só basear e alavancar com base nas exportações”.

O responsável da AICEP concordava, assim, com as declarações de António Pires de Lima que, durante o debate, que decorreu em Lisboa, pediu aos responsáveis políticos mais sensibilidade para as questões da economia real. “Seria desejável que a receita que está a ser seguida fosse menos agressiva do ponto de vista económico”, disse, para mais tarde acrescentar que “é tempo de as pessoas que conduzem o processo de ajustamento terem um discurso mais prático e mais sensível à economia real”.

“Não se pense que as exportações, só por si, vão salvar o sector cervejeiro da crise de consumo doméstico”, alertou António Pires de Lima, que, além de presidente da Unicer, lidera a Apcv (Associação Portuguesa dos Produtores de Cerveja).

Em 2012, as empresas cervejeiras nacionais exportaram 40% da sua produção, o que significa que duas em cada cinco cervejas produzidas em Portugal são vendidas lá fora. No mercado interno, bebe-se cada vez menos cerveja. Só nos restaurantes e bares, o consumo caiu 20% em 2012.

Pedro Reis concorda com Pires de Lima e defende que conseguir “reactivar a economia, o mercado doméstico e o consumo privado é determinante”. As exportações “hoje valem 37,5% do nosso PIB, mas o mercado interno é absolutamente determinante”, sublinhou. Para o presidente da AICEP, é decisivo dedicar 2013 a “activar e vitaminar temas como o financiamento das empresas, a competitividade fiscal, o combate à burocracia”, a velocidade da justiça ou os custos de contexto.

Ainda assim, o responsável da AICEP acredita que, nos próximos anos, o crescimento económico do país vai ser conseguido pelo aumento das exportações e do investimento. Comentando os números mais recentes do INE, que dão conta de um aumento de 5,6% em Janeiro em comparação com o mesmo mês de 2012, Pedro Reis sublinhou que é “estimulante que o primeiro mês do ano de 2013 arranque com um mês positivo de crescimento” das exportações. Mas destacou: “Da mesma maneira que não entro em depressão quando há quebras, como houve no mês de Novembro e Dezembro, não entro em euforia quando temos bons meses como foi este mês de Janeiro”.

O presidente da AICEP destacou ainda que dos 15 mercados que mais contribuíram para esta subida, nove são fora da União Europeia. “Temos um crescimento interessante em Angola, na Rússia e um bom mês nas nossas exportações para Espanha, o que não víamos há algum tempo”, disse.
 

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