A comissão BES cumpriu o seu papel

Os deputados fizeram um trabalho que pode ser útil para que casos como o BES não se repitam.

Maria Luís Albuquerque foi a última personalidade a passar pela Comissão Parlamentar de Inquérito à Gestão do BES e do GES. Foram mais de 50 as testemunhas ouvidas presencialmente, 16 testemunhos por escrito, centenas de documentos enviados para análise, milhares de páginas transcritas. São 46 gigas de informação que agora vão ser “esmiuçados” por um relator, que vai propor um documento final com conclusões que serão posteriormente votadas pelos grupos parlamentares.

Num exercício de grande transparência democrática, os portugueses, através do Canal Parlamento, dos canais de notícias ou da Internet, puderam acompanhar em directo os trabalhos, escrutinar o que faziam os deputados e ouvir a história que conduziu ao colapso do BES, contada pelos próprios protagonistas. Nas suas diferentes versões, claro está.

A primeira conclusão a tirar depois de quatro meses de audições é a forma quase exemplar e com grande profissionalismo com que foram conduzidos os trabalhos. Numa altura em que muitos portugueses olham para os políticos com desconfiança, os 23 deputados (presidente, vices, efectivos e suplentes) deram uma boa imagem da classe.

Claro que o caso foi propício a este clima de paz na comissão. Ao contrário de comissões como as dos swaps, do BPN ou submarinos, no caso BES nenhum deputado tinha um “alvo político a abater”. Nem Albuquerque, nem Constâncio, nem Paulo Portas. O Governo rapidamente lavou as mãos do assunto e cedo se percebeu que não ia tomar as dores do Banco de Portugal. Isso ajudou a que os deputados deixassem de lado os ataques e as quezílias políticas e se concentrassem no essencial. E se desta comissão resultar um novo quadro legislativo que ajude a blindar o sistema bancário contra o surgimento de novos bancos como o BES, a comissão terá cumprido o seu papel.

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