36% dos portugueses dizem não ter dinheiro para poupar para a reforma

Dos seis países inquiridos, Portugal é o segundo onde mais afirmam que não precisam de poupar.

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Apesar de serem os mais pessimistas e os menos disponíveis para PPR, 15% dos portugueses dizem não terem que poupar Nuno Ferreira Santos/PÚBLICO

Dos portugueses questionados num inquérito promovido pela Zürich, 36% consideram que é importante poupar para a reforma, mas afirmam que o seu orçamento não os permite fazê-lo, anunciou nesta terça-feira a seguradora suíça.

O estudo, encomendado à GFK, e desenvolvido em Portugal, Espanha, Itália, Suíça, Alemanha, Áustria e Rússia, debruça-se sobre a confiança dos inquiridos na economia do seu país e sobre as prioridades de poupança e investimento face à redução dos ganhos mensais.

Neste sentido, 80% dos portugueses consideram que é importante poupar para a reforma – através de um Plano Poupança-Reforma (PPR) –, mas 36% afirmam serem incapazes de o fazer. Portugal apresenta a maior proporção de inquiridos que diz ser incapaz de poupar para um plano de reforma. A seguir encontra-se Espanha, com 24% dos inquiridos, e, depois, com os mesmos 22%, Alemanha, Áustria e Rússia

Em Itália, face à pergunta “no actual contexto económico, qual a importância de ter um plano poupança-reforma?”, 47% respondem que não é importante ou que nunca pensaram sobre o tema até ao momento do inquérito – em Portugal, este número desce para os 20%. Já em Espanha, os não-interessados representam 31%.

Estes valores são muito superiores aos registados na Alemanha (8% de desinteressados), na Suíça (10%) e Áustria (14%). Na Rússia, os resultados são semelhantes aos números portugueses, com 23%.

A aparente contradição portuguesa
Apesar de os portugueses serem os que mais afirmam serem incapazes de poupar o suficiente para um plano de reforma, 15% dos inquiridos dizem que não têm de fazer cortes no orçamento familiar, por não estarem à espera de uma redução de vencimentos. Este é o segundo valor mais elevado entre os países inquiridos, só superado pelos 17% em Itália dos que afirmam que não se sentem obrigados a fazer cortes no orçamento.

Espanha tem o valor mais baixo de inquiridos que afirma que não terá de fazer cortes (4%), seguida da Suíça (7%), Áustria e Rússia (9%) e, finalmente, Alemanha (10%).

No campo das áreas em que as famílias estão dispostas a cortar face a uma quebra nos rendimentos, 63 e 62% dos portugueses inquiridos juntaram as áreas de férias e turismo e lazer, respectivamente. Com 49% de votos surgem, em seguida, cortes com o vestuário e, com 46%, cortes na alimentação em restaurantes e bares.

O único país mais inclinado a cortar nas férias e turismo é Espanha, com 78%. Ao contrário do que acontece com Portugal, os inquiridos na Alemanha e Suíça mostram-se mais inclinados a cortar na alimentação em restaurantes (59 e 64%, respectivamente) do que em férias e turismo (58% em ambos os casos).

Apesar de 2013 ser um ano de aumentos na carga fiscal nacional, 15% dos portugueses inquiridos pela GFK não esperam cortar em nenhuma área porque consideram que não terão uma redução no orçamento disponível. 

Do pessimismo português ao optimismo suíço
No estudo, os portugueses aparecem como os mais preocupados em relação à situação actual da economia. À pergunta “está preocupado com a crise económica no seu país?”, 70% dos inquiridos em Portugal respondem “estou muito preocupado”. Utilizaram a mesma resposta 65% dos italianos, em segundo lugar; e 59% dos espanhóis, em terceiro.

Apenas metade dos 500 dos inquiridos portugueses que afirmam estar confiantes na retoma breve do bom rumo económico acredita que essa mudança será por via dos agentes políticos no seu país: 8% dizem estar confiantes que os problemas se vão resolver num futuro próximo, enquanto apenas 4% se mostram confiantes que essa mudança partiria por parte do poder político.

Nestas duas dimensões, Portugal é o mais pessimista a seguir à Itália. Apenas 7% dos italianos que participaram no inquérito acreditam que os problemas económicos se vão resolver e só 3% pensam que a melhoria será responsabilidade dos políticos. Já no caso dos espanhóis, novamente terceiros em pessimismo, 12% encontram-se confiantes na retoma e 7% na mudança através da força política.

Dentro dos mais confiantes está a Suíça, em que apenas 28% se dizem “muito preocupados” com a crise económica e 31% estão confiantes na retoma. Seguem-se a Alemanha, em que 38% estão muito preocupados e 23% sentem-se optimistas face a uma mudança positiva num futuro próximo.
 
 

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