1,3 milhões de trabalhadores alemães com salários baixos recebem subsídios sociais

Não há salário mínimo na Alemanha e o país tem sido pressionado para subir os ordenados para estimular a procura.

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A medida já foi contestada pela Alemanha MAURIZIO GAMBARINI Foto: Maurizio Gambarini/AFP

Cerca de 1,3 milhões de trabalhadores alemães têm de recorrer a subsídios sociais adicionais, apesar de trabalharem a tempo inteiro, porque os baixos salários não lhes chegam para viver, noticia nesta quarta-feira o diário Süddeustche Zeitung.

Segundo o jornal de Munique, os trabalhadores mais afectados por esta situação são solteiros, com salários acima dos 800 euros/mês.

O jornal cita dados do departamento federal do emprego, segundo os quais, o número de cidadãos que recebe subsídios sociais aumentou de forma continuada nos últimos anos.

No caso dos solteiros, o aumento situa-se nos 38 por cento no período entre 2009 e 2012.

Os dados são divulgados numa altura em que a Alemanha debate a criação de um salário mínimo generalizado, medida rejeitada pelo Governo de Angela Merkel e que se tornou na principal bandeira da oposição para as eleições gerais de Setembro.

A Alemanha não tem salário mínimo aplicável a todos os trabalhadores, mas os parceiros sociais têm a possibilidade de o negociar sector a sector. Na construção civil, o salário mínimo foi já definido.

Até ao ano passado, quem recebia menos de 800 euros brutos mensais podia aceder a ajudas sociais adicionais, limite que este ano subiu para os 850 euros.

Estatísticas recentes apontavam para a existência de oito milhões de trabalhadores alemães que recebiam salários mínimos, seja em empregos a tempo inteiro ou parcial.

Os trabalhadores a tempo parcial recebem em média 400 euros por 40 horas de trabalho mensal. Os sectores mais afectados pelos baixos salários são a restauração, as limpezas, e os serviços sociais.

As crescentes diferenças sociais e a precarização do mercado laboral são recorrentemente tema de debate na Alemanha, e recentemente a Comissão Europeia alertou o Governo alemão para os efeitos da redução dos salários a médio e longo prazo na economia alemã e no consumo interno.

Na terça-feira, o Presidente francês, François Hollande, também se referiu à necessidade de a Alemanha subir os salários para estimular a procura interna e apoiar o crescimento europeu.

A chanceler alemã, Angela Merkel, “quer que França recupere o atraso acumulado nos últimos dez anos mediante reformas estruturais”, disse o Presidente francês numa entrevista à revista Paris Match a publicar na quinta-feira. “Em contrapartida, pedimos aos alemães, que têm um excedente comercial e orçamental, que apoiem a procura interna aumentando os salários”, disse Hollande.

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