“Vamos ter uma era de energia barata nos próximos anos”

António Costa Silva, presidente da petrolífera da Gulbenkian, a Partex, diz que as empresas portuguesas de energia foram privatizadas mas numa espécie de "nacionalização a favor da China".

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António Costa Silva lidera a Partex desde 2003 Patricia Martins

Com o petróleo abaixo dos 60 dólares, o que podemos esperar do regresso do Irão às exportações?
O Irão é o segundo maior produtor da OPEP, tem as quartas reservas mundiais de petróleo, e é também uma superpotência energética porque tem 18% das reservas mundiais de gás. Mas actualmente, a produção do Irão está muito abaixo do seu potencial. O acordo abre, do ponto de vista da geopolítica do petróleo, uma oportunidade imensa para as companhias internacionais e para o Irão, para aumentar a sua produção.

Quais são os efeitos?
Já estávamos numa era de preços baixos, mas ela vai-se acentuar porque temos um excesso de oferta no mercado mundial. A Arábia Saudita está a produzir desde Dezembro do ano passado um milhão de barris por dia a mais do que era expectável. E nos Estados Unidos, contra todas as previsões, a produção está a aumentar. Eles estão a produzir 400 mil barris por dia a mais, o que mostra que o shale oil e o shale gas [de xisto] têm um modelo muito flexível, que se ajusta a estas dinâmicas do mercado. Já paralisaram nos EUA cerca de 50% das sondas que estavam em operação, mas a produção continua a aumentar porque 70% da operação do shale oil nos EUA depende de 30% dos poços. Eles podem parar as sondas nos poços menos eficazes, mas manter aquelas que correspondem ao essencial da produção. Vamos ter uma era de energia barata nos próximos anos, ao contrário de tudo o que se prognosticava no passado.

Perspectiva uma manutenção dos preços baixos durante quanto tempo?
Penso que os preços vão manter-se baixos nos próximos dois, três anos, a não ser que haja uma catástrofe geopolítica, o que não está excluído. As outras implicações do acordo [dos Estados Unidos] com o Irão são geopolíticas; o Irão tem assumido uma atitude muito agressiva na senda internacional, patrocina muitas redes de movimentos terroristas como o Hezbollah no Líbano, o regime de Bashar al Assad na Síria e instigou a revolta dos xiitas no Iémen.

E choca com uma Arábia sunita, que lidera a OPEP…
Sim. Um aspecto curioso deste acordo é que pode provocar ainda mais a erosão da OPEP… o Irão precisa de um preço de petróleo de 135 dólares por barril para ter equilíbrio orçamental. A Nigéria, a Argélia, a Venezuela precisam de 120 dólares por barril. Angola precisa de 95 dólares por barril, só para ter equilíbrio orçamental. Portanto, todos estes países estão numa situação muito difícil. Estou a dizer que os preços serão baixos, mas perante a situação de vários membros pode haver um reequilíbrio e a OPEP pode amanhã cortar a produção, como fez em 2008. A Arábia Saudita só não o faz agora porque quer minar o shale oil.

E querem também por em causa o poder que os Estados Unidos têm ganho no domínio energético…
Sim, mas o shale oil e o shale gas são uma ruptura de paradigma face ao que a indústria tinha antigamente: eles desactivaram 50% das sondas e aumentaram 400 mil barris por dia. Antes na indústria o paradigma assentava em projectos de longa duração, com investimento intensivo de capital à cabeça e eram precisos sete, oito, nove anos até se chegar à produção. Os projectos de shale oil e shale gas são muito flexíveis, são investimentos incrementais; cada poço são dois milhões de dólares e os poços podem ser abertos ou fechados consoante o mercado. Os EUA neste momento têm dois mil poços de petróleo que estão fechados e que podem ser produzidos amanhã. E do shale gas estão cerca de 2500. Evidentemente, a Arábia Saudita está a fazer o que já fez em 1996, aumentando a produção para defender as quotas do mercado em detrimento do preço. Mas é preciso ver que isto tem uma dinâmica, e dentro da OPEP, nesta altura, a situação de dificuldade é muita, como aliás vemos em Angola.

Mas vê um conflito interno na OPEP para tentar fazer subir o preço?
Esse conflito já existe, viu-se em várias reuniões do passado. Há uma perspectiva estratégica da Arábia Saudita que não corresponde à do Irão. Temos aqui uma fractura que é étnica, porque uns são árabes e outros são persas; é religiosa, porque uns são sunitas e outros são xiitas; e é também uma luta pela hegemonia regional. Tudo o que se passa no Médio Oriente é compreensível neste quadro de luta pela hegemonia regional entre a Arábia Saudita, o Irão e a Turquia. Um dos aspectos mais paradoxais do acordo com o Irão é que está a pôr do mesmo lado da barricada a Arábia Saudita e Israel, os dois a criticarem fortemente a administração Obama.
Há um aspecto que se discute muito; foram libertos cerca de 150 mil milhões de dólares dos activos iranianos que estavam congelados. Penso que isso será um teste em relação ao Irão, porque se aplicar esse dinheiro a estimular o Hezbollah, a dar apoio aos huthis para destabilizar o Iémen…. Há uma grande oportunidade estratégica de mudar alguma coisa se o Irão moderar o seu radicalismo e for mais construtivo na cena internacional, mas pode ou não acontecer e é isso que provoca inquietação a Israel e à Arábia Saudita. A meu ver é um grande triunfo da Administração do presidente Obama, porque é a vitória da diplomacia sobre a violência e da razão sobre o extremismo. O Irão tem aqui uma oportunidade para estabilizar a sua economia e atrair os investimentos externos, dar um sinal de moderação e assumir um papel construtivo, para reequilibrar todo o Médio Oriente.

Em que patamar pensa que os preços estabilizarão?
As estimativas apontam para que neste e no próximo ano a média esteja entre os 55 e os 60 dólares. Mas isto dependerá do ritmo com que o Irão regressar ao mercado. Esta estimativa vale se o Irão até final do ano colocar no mercado cerca de 400 mil barris a mais do que estava a produzir agora. Mas se a velocidade for ainda maior, os preços também podem reflectir essa baixa. Este é o mercado das variáveis económicas, depois temos tudo aquilo de que estivemos a falar, das variáveis geopolíticas.

Em termos gerais, essa é uma boa notícia, mas Angola está preparada para o barril a 60 dólares?
Não está preparada, como não estão os outros países produtores. As autoridades têm feitos esforços para diversificar a economia, mas a diversificação é muito tímida. O petróleo representa cerca de 42% do PIB angolano, 75% das receitas e 95% das exportações. Angola está a viver uma situação muito difícil com a paralisação das empresas, o Estado que não está a pagar em múltiplos aspectos, a própria Sonangol está rever o seu modelo estratégico para o futuro… também não podemos esquecer que muitos campos angolanos estão a atingir a maturidade. São precisas novas descobertas para repor as reservas e manter ou aumentar o nível de produção, e isso não está a acontecer para já. São tudo preocupações para economia angolana que depois se reflectem em Portugal, porque nós temos nove ou dez mil empresas que são activas em Angola e em muitas delas os trabalhadores já estão a ser repatriados e os pagamentos cerceados.

Como é que Angola pode dar a volta? Fica a ideia que os projectos do pré-sal também ficam adiados…
Os resultados do pré-sal são abaixo das expectativas que existiam. Havia uma correlação forte com aquilo que se passava no Brasil, mas até agora não houve descobertas que confirmassem esse potencial. Mas é preciso continuar a procurar, não podemos esquecer que no Brasil a Petrobras levou 25 anos até fazer as maiores descobertas no pré-sal. Pode levar o seu tempo. E em relação a Angola isto pode ser decisivo para encontrar uma outra alternativa para repor as reservas que estão a ser produzidas.

Apesar de tudo o Governo angolano foi muito conservador, porque depois dos 81 dólares por barril que considerou no Orçamento do Estado, reviu para 40 dólares.
Mas mesmo assim, apesar dessa correcção em baixa de 15 a 20 mil milhões de dólares, estamos a ver os problemas todos no país. O país é tão dependente das receitas petrolíferas que isso afecta todo o funcionamento da economia.

Acha que é uma coincidência, depois de tantos atrasos, Angola ter lançado o leilão de novos blocos onshore, ao qual a Partex concorre, num quadro de necessidade de receitas extra?
Este leilão já tinha sido lançado há um ano e meio, mas foi adiado. Penso que do ponto de vista das autoridades angolanas agora é preciso procurar todos os meios de activar o desenvolvimento da indústria e criar novos projectos.

Haveria interessados neste momento para projectos offshore em Angola?
As companhias têm um portefólio e quando os preços do crude descem há muitos projectos que saem do portefólio. Muitos projectos do deep deep offshore [ultraprofundo] e do Ártico foram abandonados. Mas é evidente que é preciso ter uma visão de longo prazo, estas reservas são para ser produzidas numa altura em que provavelmente os preços terão outra recuperação. Acho que um dos aspectos bons que esta crise tem é uma espécie de cura de modéstia na indústria petrolífera. A meu ver havia custos muito elevados e registou-se uma certa falta de controlo. Nós tínhamos cerca de 160 mega projectos no mundo, que valiam 1,6 triliões de dólares, que nesta altura estão congelados. E também por efeito da revolução do shale oil e do shale gas nos Estados Unidos a indústria está sob uma pressão deflacionária. O controlo de custos está a funcionar em todas as companhias com uma redução muito grande, procura de eficiência, abrandamento das aquisições, há despedimentos em massa. São os ciclos normais da indústria. Mas esta onda de despedimentos não é nada boa, porque é know-how que se perde. Isto já se passou em 1998, quando o petróleo estava a dez dólares por barril. Houve despedimentos e a desactivação de uma série de projectos e o que aconteceu foi que, em 2014, quando a procura começou a subir com a emergência da China e da Índia, a indústria não estava preparada para responder. Tivemos entre 2004 e 2008 uma superciclo dos preços e vai acontecer outra vez.

Iniciou a sua carreira na Sonangol. Como é que vê a empresa e os seus principais desafios, na actual conjuntura?
A Sonangol foi a minha primeira empresa, onde iniciei a minha carreira, e a primeira empresa é como o primeiro amor, a gente fica umbilicalmente ligado para a vida. É uma empresa que acompanho com muita atenção. Como todas as outras, tem os seus problemas, provavelmente estará a rever o seu modelo estratégico. A indústria petrolífera é extremamente dinâmica, mas Angola tem um elevado potencial, quer a nível de petróleo e gás, quer de outros sectores da economia. E eu espero que nesta altura, em função de toda a reflexão que a Sonangol provavelmente está a fazer internamente, possa definir linhas para abordar o futuro. A Sonangol foi sempre uma espécie de paraíso fechado da economia, desde o presidente Agostinho Neto, que dava muita atenção ao funcionamento da empresa e queria que ela funcionasse de acordo com os padrões internacionais. Os contratos são inteiramente respeitados, ao contrário da Nigéria. Evidentemente, aquilo que eu falei da pressão deflacionária que a indústria tem, afecta todas as companhias e a Sonangol não é excepção. Há que rever toda a estrutura de custos, porque uma coisa é termos preços do petróleo a 106, ou 110 dólares e outra é ter a 60 dólares. É natural esse percurso e vamos ver se ele termina da melhor forma.

Acha que o grande desafio da Sonangol passa também por deixar de ser ao mesmo tempo concessionária, reguladora e produtora?
Isso é algo que compete às autoridades angolanas decidir, mas a meu ver o modelo que funciona melhor é o que separa as várias funções. A Sonangol concentra todas as vertentes e é evidente que a separação pode introduzir melhores regras no funcionamento da economia. Não é por acaso que nos vários países do mundo, inclusive o Brasil, onde a Petrobras funcionava assim, houve a separação. Angola também fará certamente essa reflexão.

O caso Petrobras trouxe novamente luz sobre casos de corrupção ligados ao petróleo. Pela quantidade de dinheiro que gera, parece-lhe que isso é quase uma inevitabilidade?
Acho que não. A indústria faz girar realmente somas brutais de dinheiro e é evidente que a corrupção pode existir em qualquer país e em qualquer companhia, mas não é apanágio só da indústria petrolífera. Isso depende muito da estrutura das companhias, dos mecanismos de controlo e, sobretudo, da gestão. E o caso da Petrobras é trágico, porque é uma companhia que é excelente do ponto de vista tecnológico e da preparação dos seus quadros. A Petrobras, comparada com todas as outras companhias nacionais da América Latina, é um caso de sucesso extraordinário. São indiscutivelmente a melhor empresa do mundo no deep offshore. Só que a gestão pode estragar tudo. O sucesso tem de ser ligado à visão clara sobre o futuro, ao trabalho árduo, mas também tem de haver consistência na gestão. Se esta não é consistente e admite que mecanismos que não funcionam em termos de controlo dos grandes projectos, podemos ter situações muito difíceis.

Mas também facilita a corrupção o facto de os recursos estarem em países cuja governação não é a melhor…
Sim, provavelmente por isso, o caso da Noruega, em que os recursos foram descobertos quando as instituições democráticas já estavam estabilizadas, é demonstrativo. A questão das auditorias internas e externas e da prestação de contas é fundamental, e em países onde há maior autoritarismo ou não há transparência e controlo, as companhias são susceptíveis de ter esses fenómenos.

Alguma vez se deparou com algum caso de corrupção?
Não. Nem nós admitimos qualquer questão que seja menos clara.

Isso imagino que sim, mas nunca lhe pediram luvas?
Jamais. Penso que tem a ver com a postura das pessoas. Nós queremos sempre as coisas muito transparentes e tudo o que tenha a ver com coisas debaixo da mesa e menos claras é rejeição imediata. Isso também depende muito da forma como as companhias e as pessoas se relacionam.

Qual o balanço que faz da política energética do Governo?
Penso que o Governo, com o ministro que era da Energia e da Economia [Álvaro Santos Pereira], quebrou um tabu do passado, e que é uma causa da crise que o país atravessa, que era a falta de atenção à economia produtiva e a não valorização dos recursos endógenos. Em relação à economia extractiva lançou uma série de projectos. Foi ele quem recuperou o projecto do Algarve [prospecção de gás], que estava parado desde 2001. O Governo também esteve bem na liberalização do mercado da energia, que era uma das condições da troika, e a negociar a questão das rendas da energia com as várias empresas - com os três pacotes desde 2011, a austeridade também funcionou para as empresas da energia. Houve em todo este debate uma certa intoxicação da opinião pública com a estigmatização das energias renováveis, mas a meu ver a aposta nas energias renováveis é importante e o actual ministro, Jorge Moreira da Silva, também tem feito um bom trabalho e tem-na mantido. A renda mais excessiva que o país paga são os sete mil milhões de euros para importar petróleo, gás e carvão do exterior. Se aplicarmos parte disso, 500, 600 milhões de euros, para apostarmos nos recursos endógenos e depois dar-lhes sustentabilidade e criar polos produtivos e dinamizar a economia e o emprego, é uma aposta inteligente. É evidente que estas formas de energia têm de ser competitivas e é por isso que os apoios têm de ser temporários e depois deixar o mercado falar. Moreira da Silva também esteve bem na questão das linhas transfronteiriças porque é importante resolver a questão de Portugal ser uma ilha energética e fazer as ligações a França quer das redes eléctricas, quer das redes energéticas. Onde é que há falhas? O ministro Moreira da Silva tentou o pacote da sustentabilidade verde, é a primeira vez que há a tentativa de mudar os comportamentos, mas os avanços são muito tímidos. E sobretudo no sistema de transportes. Nós passamos a vida a discutir a electricidade, mas esta é 20% da nossa matriz energética, o sistema de transportes consome 36% da energia final. Entre 1990 e 2004, quando houve a baixa do preço do petróleo, o parque automóvel português aumentou em média 4,5% por ano e isso depois cria uma factura energética brutal. Nós podemos ter a repetição desse ciclo.

O que é que deveria ter sido feito?
Tudo o que tenha a ver com o planeamento, ordenamento, e mobilidade nas cidades. A aposta nos transportes públicos e a criação de interfaces, a educação dos cidadãos… isso é algo que não foi feito e é um desafio para o futuro. Outro aspecto negativo tem a ver com as privatizações das empresas de energia. É evidente que tínhamos de fazer privatizações para fazer face às dificuldades financeiras que o país tinha. Mas podemos estar a vender os anéis e os dedos, porque as privatizações têm de ter atrás um modelo de desenvolvimento estratégico para o futuro e uma política de alianças. A verdade é que todas as empresas de energia foram privatizadas mas numa espécie de nacionalização a favor de um Estado estrangeiro. Eu sou até favorável à China e ao investimento chinês, mas meter todas as empresas energéticas debaixo da orientação do Governo chinês – e nós sabemos como é que o Governo chinês funciona – pode ser preocupante para o futuro. Se amanhã houver um grande conflito entre os dois países, nós temos uma das alavancas cruciais da economia na posse de instituições estrangeiras.

O Governo não soube salvaguardar o interesse nacional?
Penso que podem fazer-se as privatizações, mas diversificando e criando para cada uma delas uma política de alianças. [Mas] Não colocando os ovos todos no mesmo cesto e simultaneamente actuando ao nível da regulação, para o país se poder defender em situações mais difíceis. Ainda haveremos de ver como todo o processo ocorreu, mas acho que os interesses nacionais deveriam ter sido melhor salvaguardados a esse nível.

Que papel pode Portugal ter num contexto de segurança do abastecimento europeu? Estamos a ser devidamente valorizados?
Não, mas também por culpa própria. A Europa tem cerca de 2% das reservas mundiais de gás e 1% das de petróleo. Está completamente dependente do exterior. Depois da queda do muro de Berlim, a Europa atrelou-se em termos energéticos à Rússia e nós vemos os problemas que isso tem colocado a nível do abastecimento de gás, com as interrupções e cortes. Tudo isto tem ainda uma variável geopolítica forte com tudo o que se passa com a guerra disfarçada na Ucrânia e a situação no Médio Oriente. Temos aqui na fronteira da Europa uma situação muito instável e muito difícil, portanto, a alternativa seria valorizar a bacia atlântica, ou seja, converter Portugal e Espanha numa grande plataforma giratória dos fluxos energéticos e comerciais. No caso do gás, metade da capacidade de recepção do Gás Natural Liquefeito na Europa está concentrado na Península Ibérica com o terminal de Sines e os sete terminais em Espanha. Mas isso não é suficientemente valorizado e depois não hás interligações energéticas que permitam aproveitar esta fronteira. Penso que é do interesse do país valorizar a fachada atlântica, reforçá-la em articulação com Espanha e seria benéfico para a Europa porque aumenta a segurança energética.

Mas já começa a haver essa percepção…
Sim, mas na cimeira de Barcelona definiram que em 2014 haveria 15% de ligações transfronteiriças na Península Ibérica com o resto da Europa. Chegamos a 2014 e havia 1,6%. A Europa não dá suficiente atenção e provavelmente os países ibéricos também têm culpas no cartório. É necessária haver vontade estratégica, haver investimento e um package [pacote de fundos] particular porque isto pode ser altamente rentável do ponto de vista económico; nós podemos receber desde o shale gas dos Estados Unidos até ao gás todo que circula pela bacia atlântica e por toda a zona do Mediterrâneo, vindo da Argélia. Ainda por cima, Portugal tem uma grande vantagem que é o armazenamento. Em todo o país temos estruturas adequadas para armazenar gás. Se houver produção de gás no país, e oxalá exista, ao nível da armazenagem e do posicionamento geostratégico de Portugal para suprir a instabilidade do Norte de África pode haver uma janela de oportunidade.

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