Fabio Lucci encerra nove lojas e avança com despedimentos

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Empresa fala de "fortíssima concorrência" no sector

Cadeia de vestuário do grupo francês ERAM, que tinha 24 lojas, está em processo de reestruturação devido à crise

A cadeia de vestuário Fabio Lucci vai encerrar até final de Junho nove das suas 24 lojas que detém em todo o país e avançar com despedimentos colectivos. A forte quebra nas vendas no ano passado e um primeiro trimestre de 2012 pior do que o esperado levou a empresa do grupo francês ERAM a avançar para uma reestruturação. O Sindicato dos Trabalhadores do Comércio e Serviços (CESP) avança que em causa estão cerca de 80 postos de trabalho.

O número não é confirmado pela Fabio Lucci, que tem a intenção de integrar alguns colaboradores noutras lojas, incluindo as que estão localizadas noutros países onde o grupo opera, como França. José Carlos Ribeiro, director de operações da empresa sediada em Matosinhos, confirmou ao PÚBLICO que há encerramentos previstos em Viseu, Leiria, Santarém, Setúbal, Odivelas, Porto, Vila Nova de Gaia, Felgueiras e Seixal.

No início do ano passado, a Fabio Lucci já previa encerrar pontos de venda, mas a intenção era reabrir em novas localizações. Até 2013, a rede de estabelecimentos seria reestruturada e localizada em retail parks, centros comerciais ou zona comerciais de relevo. "Com a deterioração da situação económica global e particularmente em Portugal, a Fabio Lucci viu-se forçada a avançar mais rapidamente com os encerramentos previstos e que aconteceriam de forma gradual até final de 2013. Não foi possível encontrar alternativas economicamente viáveis para a deslocalização de alguns destes pontos de venda, tal como previsto", explica José Carlos Ribeiro.

O director de operações admite que poderão ser feitos mais encerramentos. Tudo depende dos resultados da empresa e do contexto. Também não há data prevista para as três aberturas inicialmente planeadas para o primeiro semestre deste ano (Braga, Loures e Coimbra).

De acordo com José Monteiro, dirigente do CESP, grande parte dos trabalhadores das lojas afectadas já receberam uma carta a comunicar a intenção de despedimento colectivo, com uma proposta de indemnização de um mês por cada ano de trabalho. O sindicato "está a acompanhar a situação" e já pediu para se reunir com a administração da empresa.

Numa das missivas entregues aos funcionários da loja de Leiria, a que o PÚBLICO teve acesso, lê-se que a venda a retalho de roupa e bazar é um sector com "fortíssima concorrência no mercado" e sujeito às "vicissitudes da crise económica" que atinge, em particular, o consumidor típico da Fabio Lucci, que vende vestuário a preços baixos. Em Leiria, os custos de manutenção da loja eram superiores ao esperado, provocando "a acumulação de sucessivos prejuízos de exploração". Todos os colaboradores desta loja serão despedidos e a empresa avisa que "não existem outros postos de trabalho para colocar os trabalhadores abrangidos".

José Carlos Ribeiro garante que está a tentar encontrar "uma colocação alternativa para o máximo de colaboradores possível". Mas avisa que a manutenção de postos de trabalho não pode pôr em causa a reestruturação em curso, cujo objectivo é "viabilizar a operação em Portugal e manter os 15 pontos de venda".

No final do ano passado, a Fabio Lucci empregava cerca de 320 pessoas e, em 2010, facturou 30 milhões de euros. O grupo ERAM, especializado na venda de calçado e roupa, chegou a ter seis fábricas em Portugal, mas deslocalizou a produção para a Ásia.

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