Bancos gregos precisam de reforço de capital de 27 mil milhões de euros

Foto
Verba representa cerca de 1/3 da ajuda que Portugal recebeu JOHN KOLESIDIS/REUTERS

Perdas associadas à dívida soberana e aumento do crédito malparado forçam a recapitalização

Com os resultados líquidos em forte queda por causa das imparidades registadas com a dívida soberana do país e com o crédito malparado a aumentar, os principais bancos gregos vão ter de aumentar o capital em 27 mil milhões de euros, segundo as contas feitas pela The Wall Street Journal (WSJ). É cerca de um terço da ajuda externa que Portugal teve que pedir.

O problema estava diagnosticado pelos técnicos da troika (Comissão Europeia, Banco central Europeu e Fundo Monetário Internacional), na avaliação que esteve na base do segundo programa de resgate financeiro à Grécia.

Nesse pacote, com um valor global de 173 mil milhões de euros - cuja primeira tranche foi recentemente desbloqueada - já estava previsto um envelope de 50 mil milhões de euros, precisamente para acorrer às necessidades de capital do sector bancário helénico.

O montante previsto não vai ser atingido, mas os reforços de capitalização que a banca grega irá buscar ao Estado são muito elevados - por exemplo, em comparação com o que os bancos portugueses necessitaram, perto de 6 mil milhões de euros, sem contar com a injecção directa de capital público na Caixa Geral de Depósitos.

O WSJ revela que só o Banco Nacional da Grécia irá requerer 9,7 mil milhões de euros, enquanto o Alpha Bank tem necessidades situadas em 4,6 mil milhões. O Eurobank precisa de 5,8 mil milhões de euros e o Banco do Pireu irá buscar 7,3 mil milhões.

Com esta operação, o fundo governamental de estabilização financeira irá assumir o controlo efectivo das quatro entidades. O processo de recapitalização, segundo o jornal norte-americano, é feito com recurso a acções comuns e a obrigações convertíveis. O objectivo é que os bancos em causa consigam rácios de solvabilidade de 9% até ao final do ano.

A ajuda de emergência é indispensável para evitar o colapso de instituições que têm vindo a acumular prejuízos muito volumosos. Só o Banco Nacional da Grécia fechou os primeiros nove meses do ano com um prejuízo de 2,5 mil milhões de euros, muito acima dos 1,3 mil milhões de euros no período homólogo de 2011.

A vida das instituições financeiras helénicas é uma verdadeira tragédia grega. Com uma economia que já vai no quinto ano de recessão e com programas de austeridade que tornaram a vida de empresas e famílias num suplício, disparam os casos de crédito malparado que ninguém sabe quando será recuperado.

Este fenómeno acresce às perdas que estes bancos, outrora grandes financiadores do Estado, tiveram que assumir com o haircut (corte) de uma parte da dívida grega.

Ontem, o responsável pelo grupo de trabalho do euro que dá apoio técnico aos ministros das Finanças dos 17, Thomas Wieser, afirmou ao jornal Kathimerini estar convencido de que a Grécia não necessitará de mais nenhum pacote de austeridade para além do que foi recentemente aprovado.

Sugerir correcção