Poucas pistas para conhecer o tímido inteligente que era Adam Lanza

Adam Lanza, 20 anos, alto, pálido, inteligente, introvertido e solitário. As testemunhas ouvidas pelo New York Times desenham, em traços largos, algumas características do jovem homem que matou 26 pessoas, inluindo 20 crianças, algumas com apenas cinco anos de idade, na escola de Sandy Hook, sexta-feira de manhã.

Podia, segundo algumas fontes, sofrer da síndroma de Asperger, uma espécie de autismo que se manifesta por dificuldade nas interacções sociais. O Washington Post citou um antigo colega de escola que disse que Adam tomava frequentemente medicamentos. Nada disto é oficial ou foi confirmado pela polícia.

No livro de turma do liceu do ano de 2010, a sua fotografia não aparece. A justificação: "tímido". Tudo indica que não tinha Facebook, uma raridade nos tempos que correm. Muitos dos antigos colegas de liceu contactados por jornais, televisões e rádios americanos, tiveram que puxar pela cabeça para recuperar alguma memória daquele rapaz a quem não se dava muita atenção.

Adam e o irmão, Ryan, de 24 anos, tiveram uma infância sem história, ambos bons alunos, filhos de um casal de classe média a viver num bairro de subúrbio bem cuidado na pacata cidade de Newtown. Mãe professora, pai contabilista. O episódio que surge nos relatos de vizinhos, amigos e familiares como podendo ajudar a explicar o inexplicável é o divórcio de Nancy e Peter Lanza em 2009. O pai saiu de casa e mudou-se para outra cidade, Stamford, e voltou a casar três anos mais tarde. A mãe ficou em Newtown com os filhos, trabalhando como professora primária.

"Os miúdos ficaram muito deprimidos com a separação", recordou um vizinho, Ryan Kraft, de 25 anos, ouvido pelo Washington Post. Em Adam, essa possível depressão terá reforçado os traços de "rapaz solitário", "anti-social", "alguém que nunca conseguia olhar as outras pessoas nos olhos", segundo Beth Israel, que viveu na rua da família Lanza.

Não é que fosse um rapaz antipático ou desagradável, era apenas alguém "tímido e pacato".

Quando acabou o curso, Ryan foi para Nova Jérsia, trabalhar na empresa de consultadoria Ernst & Young. Adam ficou em Newtown, a viver com a mãe na casa da família Lanza, uma vivenda espaçosa, de "estilo colonial, com piscina". Uma casa bem cuidada, por uma "óptima dona de casa", que "dava sempre prioridade aos filhos", disse Gina McDade, mãe de um colega de Ryan que frequentou muito a residência.

Foi nesse "bonito lar" (palavras de McDade) que foi encontrado o corpo de uma mulher na sexta-feira - Nancy. Foi daí que Adam saiu, artilhado com duas pistolas semiautomáticas e uma espingarda de calibre .223, para se dirigir à sua antiga escola primária onde a mãe era professora.

Os mortos são dele. As armas eram dela.

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