Perguntas e respostas

Quem detém os direitos televisivos dos jogos de futebol em Portugal?

A Olivedesportos e a PPTV, duas empresas de Joaquim Oliveira, detêm os direitos de transmissão televisiva dos jogos dos campeonatos profissionais de futebol em Portugal, cedendo-os depois à Sport TV. Um jogo por jornada da Liga é transmitido em canal aberto (actualmente pela RTP) e é precisamente esse encontro semanal que está agora a concurso. A Olivedesportos também detém os direitos do Mundial de futebol, da Liga dos Campeões (a RTP transmite um jogo por semana), da Liga Europa (a SIC tem direito a um jogo por jornada) e da Taça de Portugal (cedidos à TVI).

Quem é o dono da Olivedesportos?

É Joaquim Oliveira (foto), um empresário de 63 anos, nascido em Penafiel. Criou a Olivedesportos em 1984, em parceria com o irmão, António Oliveira, ex-futebolista e antigo treinador do FC Porto e da selecção nacional. Em 1985, a Olivedesportos estreou-se nesta área, quando comprou o jogo entre a Checoslováquia e Portugal, transmitido na RTP, conta Paulo Catarro no livro Os Senhores do Futebol.

Por que é que os direitos pertencem todos à mesma empresa?

Joaquim Oliveira começou por explorar a publicidade estática nos estádios de futebol. A actividade da Olivedesportos foi depois alargada aos direitos televisivos. Hélder Varandas, presidente da empresa de consultoria Favvus, explica que o dono da Olivedesportos aproveitou a "dependência dos clubes em relação a estas receitas" para negociar contratos plurianuais, ficando com os direitos de todos os jogos na mão. Estes contratos entre as empresas de Joaquim Oliveira e os clubes de futebol têm vindo a ser sucessivamente renovados. A necessidade de dinheiro fresco tem levado os clubes a anteciparem receitas, vendendo os direitos televisivos com grande antecedência.

Mas a Olivedesportos é só um intermediário?

Sim. Grande parte dos jogos é transmitida pela Sport TV, um canal codificado criado em 1998, pela Olivedesportos, RTP e Portugal Telecom. Actualmente é detido pela Zon e Olivedesportos.

O que se passa em Portugal é igual ao que se passa no resto da Europa?

Não. Na maioria dos países europeus também é só um operador a deter os direitos de todos os jogos, mas os clubes negoceiam a venda dos direitos em bloco. Ou seja, é a Liga de clubes que lança um concurso para a venda de todos os jogos do campeonato. Em Portugal, tal como em Espanha, cada clube negoceia individualmente os seus jogos.

Esta venda individual traz vantagens aos clubes?

Os especialistas garantem que não. "Comparando com outras ligas da mesma dimensão, a Olivedesportos paga pouco. Podia pagar mais", afirma Hélder Varandas, apontando como explicação para este facto a "capacidade de negociação frágil dos clubes". Estima-se que Joaquim Oliveira pague anualmente 42 a 45 milhões de euros aos clubes, um valor que é inferior a outras ligas da mesma dimensão da portuguesa, como a turca (260 milhões anuais), holandesa (100 milhões) e grega (54 milhões). A liga inglesa é a mais rentável neste capítulo, recebendo anualmente 1179 milhões de euros, sendo seguida pela italiana (911 milhões), francesa (668 milhões), alemã (412 milhões) e espanhola (240 milhões).

Quando a venda de direitos televisivos é colectiva, os clubes recebem todos o mesmo?

Não. Normalmente, há uma parcela fixa para cada clube. Depois, cada um recebe mais duas parcelas, uma calculada segundo a audiência dos seus jogos e outra mediante a classificação final no campeonato. Isto significa que os clubes mais bem classificados e com mais adeptos recebem mais do que os outros.

Esse modelo de venda colectiva poderá ser adoptado em breve em Portugal?

Não, pelo menos com o acordo de todos os clubes. O Benfica já colocou de lado essa hipótese, preferindo negociar individualmente. O facto de os contratos dos vários clubes com a Olivedesportos não terminarem todos ao mesmo tempo (os do Benfica e Sporting acabam em 2013, o do FC Porto em 2014) também dificulta uma venda em bloco. Hugo Daniel Sousa

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