Perfil Lech Kaczynski (1949/2010)

O homem que não tinha medo de ser polémico

O Presidente da Polónia, Lech Kaczynski, foi uma figura importante na política polaca e nunca fugiu de uma controvérsia.

Fundadores do partido Direito e Justiça (PiS), os gémeos Lech e Jaroslav Kaczynski começaram a ter actividade política na oposição do regime comunista da Polónia nos anos 1970, e assumiram um papel importante nas greves nos estaleiros de Gdansk, um protesto liderado pelo movimento Solidariedade de Lech Walesa.

Lech Kaczynski, mais novo 45 minutos do que o seu irmão, foi preso junto com milhares de outros membros do Solidariedade durante a lei marcial em 1981.

Os dois eram aliados de Walesa, e Lech Kaczynski foi mesmo chefe da segurança nacional no primeiro Governo do antigo líder operário. Mas a relação azedou e Kaczynski acabou despedido do Governo.

Em 2001, Lech e o seu irmão gémeo fundam o partido Direito e Justiça (PiS), com foco em valores conservadores e uma tónica nacionalista (Lech proibiu paradas gay e declarou-se a favor da pena de morte). O PiS havia de os levar ao poder: Lech como Presidente em 2005; Jaroslaw como primeiro-ministro em 2006, criando uma situação única: dois gémeos idênticos ocupando os cargos mais importantes do país.

O tempo dos gémeos no poder foi marcado por fricções com a Rússia e a Alemanha. Forte aliado de Washington, na tradição polaca, Kaczynski estava determinado a promover a adesão da Ucrânia e da Geórgia à NATO como meio de limitar a esfera de influência russa (irritando não só Moscovo mas também Berlim). Os gémeos acabaram vistos como tendo "isolado e ridicularizado" a Polónia e, em vésperas de eleições, moderaram o seu comportamento provocatório.

As eleições de 2007 levam ao poder um novo primeiro-ministro, Donald Tusk - e Kaczynski veta várias das medidas da agenda económica mais liberal de Tusk, sendo acusado de seguir a agenda do seu irmão, o líder da oposição.

Kaczynski personificou ainda a demora da Polónia em dar o "sim" ao Tratado de Lisboa, dizendo que só o faria após uma aprovação no referendo irlandês e deixando para o último minuto a sua assinatura no Tratado - a Polónia foi o penúltimo país a ratificar o documento.

Lech Kaczynski tinha 60 anos e aproximava-se do fim do seu mandato como Presidente. Especulava-se que nas eleições, marcadas mais para o Outono deste ano, teria dificuldade em vencer por causa da sua popularidade em queda.

Sugerir correcção