Antes da Senhora da Graça, o camisola amarela sprintou em busca de segundos

O espanhol Gustavo Veloso, que comanda a classificação geral, ganhou um pouco mais de tempo face à concorrência, lembrando que já perdeu uma Volta a Portugal por quatro segundos.

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A Volta a Portugal mantém o mesmo camisola amarela Miguel Manso

O fantasma da Volta a Portugal em bicicleta perdida por quatro segundos fez neste sábado com que Gustavo Veloso (W52-Quinta da Lixa) se tornasse um sprinter para ser segundo em Fafe, atrás do italiano Davide Vigano (Idea 2010 ASD).

Os mais desatentos espantaram-se ao ver uma mancha amarela chegar na frente no empedrado de Fafe, logo atrás do italiano, o rei da regularidade do ano passado, e à frente de sprinters puros como Manuel Cardoso (Team Tavira) ou Vicente de Mateos (Louletano-Ray Just Energy), pensando talvez tratar-se de uma miragem provocada pelo primeiro dia de calor intenso.

Mas o segundo lugar de Veloso na terceira etapa, que lhe permitiu ganhar seis segundos de bonificação a todos os rivais, foi explicado de forma bem simples pelo próprio: “Já perdi a Volta por quatro segundos [em 2013, para Alejandro Marque], não vou perder outra vez. Cada segundo conta”.

Agosto começou em todo o seu esplendor, tornando a teoricamente menos complexa terceira etapa, uma ligação de 172,2 quilómetros entre Boticas e Fafe, um teste térmico à resistência dos ciclistas, a que nem todos sobreviveram (houve 12 desistentes, muitos deles vítimas das elevadas temperaturas).

A fuga do dia demorou a formar-se. Houve tentativas, muitas, mas só aos 79 quilómetros Alberto Gallego (Rádio Popular-Boavista), Domingos Gonçalves (Efapel), Higinio Fernandez (Team Ecuador), Jetse Bol (Join’s-De Rijke) e Dimitri Claeys (Verandas Willems) conseguiram isolar-se, obrigando a Team Tavira, de Manuel Cardoso, a assumir a perseguição.

A selecção natural feita pela estrada reduziu o grupo de fugitivos e, a 40 quilómetros da meta, Gallego e Gonçalves ficaram a solo contra o pelotão, com uma vantagem superior a 2m30s, enquanto lá atrás duas cenas habituais nas últimas edições se repetiam: Ricardo Mestre (Team Tavira) caiu e Hugo Sabido (Louletano-Ray Just Energy) acusou uma lesão no joelho, perdendo 1m32s e o sonho do pódio, uma vez que está já a 3m33s de Veloso.

Depois da primeira passagem pela meta, o impulsivo espanhol da Rádio Popular-Boavista atacou e Gonçalves não conseguiu responder. O bravo Gallego acabou por ser apanhado já nos últimos quatro quilómetros, permitindo o lançamento do sprint por parte das equipas dos homens velozes.

E foi já em pleno sprint que a missão de Gustavo Veloso mudou, com o seu instinto ganhador a sobrepor-se ao desalento pelo fracasso do plano inicial: “Eu ia lançar o sprint para o [Samuel] Caldeira, a 500 metros arranquei e senti um estalo, não sei se foi a corrente que saltou. Olhei e vi que ele se tinha sentado. Então apertei ao máximo para as bonificações”.

“É estranho ver o camisola amarela a sprintar”, reconheceu Davide Vigano, o primeiro a cumprir a terceira tirada, com o tempo de 4h17m33s.

Com os seis segundos de bonificação, o campeão em título tem agora nove segundos de vantagem para Delio Fernández, o seu colega da W52-Quinta da Lixa, e 12 para José Gonçalves (Caja Rural), com os classificados do quarto ao décimo lugar a terem uma desvantagem entre os 34 e os 43 segundos.

Neste domingo é dia de Senhora da Graça e, como tal, de redefinições na geral, com os 159,4 quilómetros entre Alvarenga e o ponto mais alto de Mondim de Basto, que coincide com uma contagem de primeira categoria, a prometerem ataques à liderança do galego. Lusa

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