Uma temporada sem troféus foi fatal para Roberto Mancini

Treinador italiano dispensado pelo Manchester City a poucos dias do final da época e exactamente um ano após ter guiado os citizens até ao título na Premier League pela primeira vez em 44 anos.

Foto
Mancini já pertence ao passado do Manchester City Stefan Wermuth/Reuters

Foi já sem Roberto Mancini no banco de suplentes que o Manchester City venceu nesta terça-feira (2-0) na visita ao Reading. O clube dispensou o técnico italiano na segunda-feira à noite e foi Brian Kidd que orientou a equipa na penúltima partida dos citizens na época 2012-13. Agüero, na primeira parte, e Dzeko, no segundo tempo, fizeram os golos da partida. O City segue a dez pontos do rival United na classificação.

Bastaram 365 dias para Mancini passar de bestial a besta. 13 de Maio de 2012: o Manchester City recebe o Queens Park Rangers e vence por 3-2, com os golos de Dzeko e Agüero, no tempo de compensação, a darem a volta ao marcador, garantindo o regresso dos citizens aos títulos de campeão na Premier League, 44 anos depois (algo que os adeptos lembraram no jogo desta terça-feira). 13 de Maio de 2013: o clube anuncia o despedimento do treinador italiano, por “não ter conseguido atingir qualquer dos objectivos traçados, à excepção da qualificação para a Liga dos Campeões na próxima época”.

191 jogos (113 vitórias) depois, Mancini deixa o Manchester City. Para trás ficam três troféus – Taça de Inglaterra em 2010-11, Premier League em 2011-12 e Supertaça inglesa em 2012 –, num clube que vivia em “seca” há várias décadas.

“É com pesar que o Manchester City anuncia que Roberto Mancini foi dispensado das suas funções de treinador”, podia ler-se no comunicado do clube, publicado na página oficial dos citizens na Internet na segunda-feira à noite. Já nesta terça-feira, o City anunciou que o adjunto David Platt também saiu, após rejeitar uma proposta do clube para continuar: “Decidiu abandonar as suas funções e acompanhar o seu bom amigo Roberto Mancini”.

E, com isto, os dois rivais de Manchester preparam-se para iniciar a próxima temporada com treinadores novos. No United, Ferguson colocou um ponto final no seu reinado e será rendido por David Moyes. No City, Mancini foi despedido a duas jornadas do fim e Manuel Pellegrini é apontado como seu sucessor. O italiano foi o 14.º treinador (sem contar com interinos) a liderar o City no período durante o qual Ferguson esteve no comando do United.

Para além de uma fraca defesa do título (os red devils sagraram-se matematicamente campeões a quatro jornadas do fim da Premier League), as principais críticas feitas a Mancini prendem-se com a má prestação na Liga dos Campeões: esta época os citizens ficaram no último lugar do Grupo D (com Borussia Dortmund, Real Madrid e Ajax), sem qualquer vitória. A isto juntou-se o mau ambiente no balneário, com incidentes a acumularem-se entre treinador e jogadores. Tevez e Balotelli foram alguns dos que enfrentaram Mancini publicamente, mas o mal-estar afectou vários outros elementos.

A derrota (0-1) às mãos do Wigan, na final da Taça de Inglaterra, foi a gota de água que fez transbordar o copo dos responsáveis do Manchester City – no caso, o xeque Mansour Bin Zayed, membro da família real de Abu Dhabi que comprou o clube em Agosto de 2008, tendo desde então investido largas centenas de milhões de euros em contratações.

O senhor que se segue no comando técnico do Manchester City deverá ser o chileno Manuel Pellegrini, cujo nome tem sido apontado com insistência. A cumprir a terceira temporada no Málaga, o técnico conseguiu levar os andaluzes à Liga dos Campeões – só pararam nos quartos-de-final, eliminados pelo Borussia Dortmund. “Manuel Pellegrini saberá exactamente como se sente Roberto Mancini”, lia-se numa análise publicada no diário britânico The Guardian: “O técnico chileno foi corrido do Real Madrid em circunstâncias semelhantes às experimentadas pelo treinador do Manchester City”.

Sugerir correcção
Comentar