Uma problemática relação com os golos

Desde que Fernando Santos assumiu o comando da selecção, a média ofensiva é de um golo marcado por jogo. A dependência de Cristiano Ronaldo acentua-se com o fraco rendimento das alternativas.

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Éder já soma 16 internacionalizações pela selecção nacional mas ainda não foi capaz de marcar qualquer golo Miguel Riopa/AFP

Quando o assunto da conversa são golos, é inevitável que a selecção portuguesa centre atenções em Cristiano Ronaldo: o futebolista do Real Madrid não só se prepara para, a curto prazo, alcançar o estatuto de jogador com mais internacionalizações da história da equipa nacional (tem menos nove jogos do que Luís Figo, o líder absoluto), como já lidera a hierarquia dos goleadores ao serviço de Portugal. Cristiano Ronaldo soma 52 golos marcados em 118 partidas com a camisola da selecção e tem larga vantagem sobre o segundo maior goleador no activo, Hélder Postiga, que marcou 27 vezes em 71 jogos.

A dependência de Cristiano Ronaldo não é uma novidade para a selecção portuguesa (a equipa marca em média um golo por jogo desde que Fernando Santos assumiu o comando e o madeirense marcou dois desses quatro golos), mas está a acentuar-se devido ao fraco rendimento das outras opções ofensivas, que também não abundam em quantidade. O capitão da equipa nacional assinou 14 golos nas suas últimas 15 internacionalizações e é responsável por nove dos últimos 23 golos apontados pela selecção. Na quarta partida de apuramento para o Euro 2016, frente à Sérvia, o futebolista madeirense poderá até ser colocado por Fernando Santos no centro do ataque, o que já tem acontecido ocasionalmente.

O seleccionador nacional – que não poderá sentar-se no banco de suplentes por estar a cumprir castigo – não pode contar com Postiga, que se encontra lesionado, para o encontro de domingo. Éder e Hugo Almeida são os avançados que integram a convocatória (Lucas João e Rui Fonte só estarão disponíveis para o particular contra Cabo Verde), mas tanto um como o outro andam longe do melhor momento de forma.

O currículo de Hugo Almeida ostenta 19 golos em 56 internacionalizações, mas o avançado português está a viver um ano difícil: começou a temporada na Liga italiana, com zero golos em dez jogos ao serviço do Cesena; no final de Janeiro mudou-se para o futebol russo e em três partidas com a camisola do Kuban Krasnodar marcou um golo.

Quanto a Éder, perdeu a titularidade no Sporting de Braga e embora tenha oito golos apontados pela equipa de Sérgio Conceição (seis no campeonato e dois na Taça de Portugal), marcou apenas duas vezes em 14 presenças desde que começou o ano 2015. Para além disso, o avançado nascido na Guiné-Bissau ainda procura o primeiro golo ao serviço da selecção portuguesa: Éder já somou 16 internacionalizações mas continua “em branco”. Segundo as estatísticas da Federação Portuguesa de Futebol, a expectativa já dura há 704 minutos – é um dos piores registos para um avançado na história da selecção nacional e não faltam jogadores do passado recente ou mesmo ainda em actividade com menos internacionalizações e mais golos, como por exemplo Paulo Alves (sete golos em 13 jogos), Liedson (quatro golos em 15 jogos) ou Edinho (três golos em seis jogos).

“Jogo-chave” do apuramento
Não há como passar ao lado da importância que os golos de Cristiano Ronaldo têm para a equipa nacional, e são os próprios companheiros de selecção a reconhecê-lo: “Todos acreditamos que o Cristiano pode fazer a diferença a qualquer momento e nós, como colegas de equipa, queremos ajudá-lo da melhor maneira possível”, admitiu João Mário antes do treino de ontem, no Estádio Nacional. Sobre a partida frente à Sérvia, que se disputa no domingo no Estádio da Luz, o futebolista do Sporting acredita que “pode ser o jogo-chave deste apuramento”. “Queremos dar continuidade aos últimos jogos e até melhorar. Jogamos em casa e tudo faremos para vencer. Por ter apenas um ponto, não acredito numa Sérvia mais fraca. Mudou de treinador e por vezes essa mudança é boa. Tem grandes jogadores, que jogam em grandes equipas. Temos que estar atentos”, vincou.

Portugal “tem a responsabilidade de vencer todos os jogos”, salientou João Moutinho, lembrando que uma vitória sobre a Sérvia coloca a selecção nacional na liderança do Grupo I de qualificação para o Euro 2016: “Se quisermos alcançar os nossos objectivos, temos que ganhar. É sempre melhor passar para a frente do grupo. Temos esse objectivo e estamos a trabalhar para isso.”

Após ter sido o único ausente no primeiro treino da equipa nacional, Pepe já esteve no relvado, mas ficou à parte do grupo tendo efectuado exercícios de recuperação. A selecção volta a trabalhar hoje às 10h30, desta vez no Estádio da Luz.

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