Uma manhã de muitas cores ainda por despertar

Acordou tranquila a cidade de Amesterdão, como que ainda a afinar a garganta para o jogo desta quarta-feira.

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Aos poucos Amesterdão vai-se enchendo de adeptos do Benfica e do Chelsea Cris Toala Olivares/Reuters

É um carrossel de entradas e saídas. A ordem de serviço é chegar, pousar a mochila no hotel (ou hostel) há muito reservado, atar o cachecol à volta do pescoço (ou ao pulso) e voltar à rua. Sim, porque é nas ruas de Amesterdão que se faz o aquecimento para a final desta noite.

Benfica ou Chelsea? Logo se verá quem faz a festa no relvado. Por enquanto, os adeptos são todos iguais, nas rotinas e nas ambições.

A manhã da final da Liga Europa chegou cinzenta. Com ela, trouxe as últimas vagas de adeptos, indiferentes às ameaças de chuva. A prioridade, para já, é fazer o reconhecimento do terreno e despachar as souvenirs, na loja mais próxima. Ambiente? Talvez lá mais para a tarde, quando começar a contagem decrescente para o jogo de todas as decisões, na Arena de Amesterdão.

Não é que haja território demarcado, até porque jogar em terreno neutro tem o condão de aproximar um pouco as hostes. Mas é possível perceber uma concentração de ingleses aqui e acolá, especialmente nos bares de perfil mais britânico, como o Teasers & Beer. Lá dentro, no calor das quatro paredes (e dos poucos metros quadrados) e cá fora, imunes à leve brisa que vai soprando, há mais camisolas do Chelsea do que roupa indiferenciada. E há mais sotaque do que em qualquer outro estabelecimento das redondezas.

Um pouco mais acima, na imponente Praça Dam, os termos invertem-se um pouco. Mais vermelho e branco, também por culpa do homem-(pouco)estátua que tem atraído os olhares mais curiosos nos últimos dias. Equipado à Benfica, de cabelo comprido e idade avançada, vai acedendo às muitas solicitações para as fotografias da praxe e trocando rapidamente uma pose mais formal por um ar descontraído num par de movimentações que vão ajudando a combater a frio.

Ambiente? “Allez, allez, allez Benfica allez”. Uma, duas, três vezes repetida, a frase não ecoa em mais nenhum benfiquista que vagueie pelo centro da cidade. É cedo para afinar as gargantas. Para já, há que subir o fecho do casaco e ir regateando um daqueles cachecóis de ocasião que são uma espécie de sereia desportiva: metade Benfica, metade Chelsea, no caso. “Vinte euros por dois? Se ainda aceitasse 10 euros por um, mas não. Vou encontrar mais barato”.

Talvez nas imediações do estádio, mais ao fim do dia, quem sabe? Esses cerca de 10km que separam o centro da capital holandesa do recinto onde esta noite será entregue o troféu referente à conquista da Liga Europa só serão percorridos mais tarde. É lá que tudo se decide. Por estes lados, tudo tranquilo. Umas amostras de bandeiras promocionais da UEFA e pouco mais, que Amesterdão tem demasiado charme para precisar de se “vender” ao futebol.

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