Uma Liga em reconstrução?

1. Na passada sexta-feira realizou-se uma reunião do Conselho de Presidentes – não de todos – da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP). Antes, durante e após essa reunião as notícias abundaram na comunicação social sobre alguns temas que estiveram na agenda de trabalhos. É só com base nesse registo da imprensa – não possuímos informação privilegiada – que agora alinhamos algumas palavras. Essas notícias valem como trabalho jornalístico e, naturalmente, não têm o condão de traduzir, ao pormenor, a realidade. Por outro lado, vivem todas de fontes de informação, o que remete, também para estas, o valor daquelas. Com estas condicionantes, que registos se podem fazer?

2. A declaração final dessa reunião – que é pública – permite balizar os temas: apuramento urgente da situação real das contas da LPFP; quanto a receitas, necessidade da promoção de uma abordagem de índole comercial ao mercado, a levar a cabo pelo presidente, com o apoio dos clubes, em especial com o FC Porto e o Benfica; fortalecer a marca Liga Portugal, de forma duradoura, dando especial ênfase, quanto a parcerias, aos operadores de televisão; debater o futuro do futebol profissional, bem como o seu enquadramento legislativo e federativo; preparar novos estatutos, através de um grupo de trabalho; criar grupos de trabalho para estudo de temas como as Competições, Marketing e Comunicação, Finanças e Relações Institucionais; constituir um grupo de trabalho para estudar a centralização dos direitos de transmissão televisiva.

3. Sendo este o quadro anunciado oficialmente, o certo é que, no lado das notícias, surgem indicadores convergentes. Uma primeira veio adiantar que a “Olivedesportos enviou para os clubes contratos sobre cedência de direitos televisivos e multimédia sem cláusulas de renovação automática, nem direito de preferência. A Olivedesportos pretende apenas ficar com os direitos relativos aos “espectáculo desportivo” referente às épocas 2015/2016 a 2017/2018. O pagamento será feito a cinco prestações”. Outra notícia deu-nos conta de que o presidente da LPFP teve uma reunião com o Provedor da Santa Casa da da Misericórdia de Lisboa, na busca de “enterrar um machado de guerra nos tribunais”. E adiantava-se já a possibilidade de alcançar um naming para competição ainda nesta época desportiva. Uma terceira – algo constante – vai no sentido de que o Benfica e o FC Porto podem sustentar os campeonatos em caso de emergência.

4. Significa este panorama, oficial e comunicacional, que a LPFP vive num estado de emergência e se vê obrigada a retomar caminhos anteriores, ao mesmo tempo que cuida do presente e tenta preparar o futuro. É obra grande e, como tal, comporta riscos. Curioso, neste registo, é o posicionamento do Benfica e do FC do Porto e ainda o de todos os outros clubes perante o protagonismo daqueles. Não há almoços, jantares, pequenos-almoços, lanches ou ceias grátis. É uma lei humana, nada mais do que isso. Ora, sem que faça agora nenhum juízo necessariamente negativo, a verdade é que, mais cedo ou mais tarde – nas regras sobre a centralização de direitos televisivos ou noutros tabuleiros -, haverá sempre uma conta – ou duas – para pagar.

josemeirim@gmail.com

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