Uma dama que é mesmo de ferro

No pós-Jogos Olímpicos, Katinka Hosszú dominou a Taça do Mundo de Chartres, em natação.

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Katinka Hosszú foi a grande figura da primeira noite de provas Reuters

A resiliência, firmeza e frontalidade política valeram a Margaret Thatcher a alcunha de “dama de ferro”. À nadadora húngara Katinka Hosszú, apelidada da mesma forma, valeu-lhe uma resistência física aparentemente ilimitada. Hosszú, a “dama de ferro”, ainda não teve uma Maryl Streep a fazer o seu papel no cinema, mas continua a mostrar que a sua performance, na natação, já parece ser ficção.

Menos de duas semanas depois dos Jogos Olímpicos, a nadadora mostrou que ainda tem "gás" para mais umas medalhas e mais uns pódios. Mas, antes disso, recordemos o percurso da nadadora e o motivo pelo qual o seu desempenho, neste fim-de-semana, não tem paralelo.

Depois de não ter sido feliz nas águas asiáticas, nos Jogos Olímpicos de Pequim 2008, e nas europeias, em Atenas 2004 e Londres 2012, Katinka Hosszú decidiu que ia mudar o seu plano de treino e que ia passar “a competir mais e treinar menos”, como a própria explicou. O excêntrico e agressivo Shane Tusup, namorado de Hosszú, passou a ser também seu treinador e os resultados surgiram.

Após a desilusão de Londres 2012, Hosszú foi nadar numa prova da Taça do Mundo, em Pequim. Participou em oito provas e perguntaram-lhe se ela era feita de ferro. No dia seguinte, o título do artigo de um jornal chinês era “A Dama de Ferro da Hungria”. A húngara fez jus à alcunha e mostrou que é a nadadora mais completa do mundo, evidenciando uma capacidade física e competitiva aparentemente indestrutível. A evolução meteórica nos resultados de Hosszú e a transformação de uma boa nadadora, de 24 anos, numa atleta dominante e esmagadora, de 27, chegaram a levantar a hipótese do uso de doping, até por parte de treinadores de outros atletas.

Certo é que, em 2016, nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, Hosszú apareceu em grande. Não tem o estatuto de Phelps ou a fama de Ledecky, mas a húngara saiu da “cidade maravilhosa” com três ouros e uma prata ao pescoço, sendo que na prova dos 400 metros estilos conseguiu “destruir” o recorde do mundo, tirando mais de dois segundos à anterior melhor marca.

Menos de duas semanas após a sua exibição “de gala”, nos Jogos Olímpicos, a nadadora de Pécs, no sul da Hungria, voltou a atacar. Enquanto muitos outros atletas olímpicos tentam recuperar de uma competição cansativa e esgotante, Hosszu voltou a fazer das suas e “entretém-se” na Taça do Mundo de natação. A húngara tenta conquistar o seu quinto título consecutivo na FINA World Cup e, na primeira etapa, em Chartres, perto de Paris, Hosszú foi Hosszú.

Na sexta-feira, nadou sete vezes, em pouco mais de duas horas. Foi seis vezes ao pódio: três ouros (200 metros livres, 100 mariposa e 200 estilos), duas pratas (800 metros livres e 200 costas) e um bronze (50 metros costas). No sábado, subiu ao pódio mais cinco vezes e aumentou a eficácia: sempre que subiu, foi para ouvir "Isten, áldd meg a magyart" (Deus abençoe os húngaros) - no primeiro verso do "Himnusz" da Hungria -, juntando mais cinco ouros aos três do dia anterior. 

A Taça do Mundo terá nove etapas, que servirão de preparação para os Mundiais de piscina curta, a disputar em Dezembro, no Canadá. Apesar da presença de nomes como Florent Manaudou, Chad Le Clos, Cameron Van Der Burgh, Yulia Efimova ou Vladimir Morozov – todos medalhados no Rio 2016 –, Hosszú arrebatou toda a atenção para si.

Poucos dias depois do "show" dado nos Jogos Olímpicos, Katinka Hosszú continua a mostrar que esta dama parece mesmo ser feita de ferro.

Texto editado por Nuno Sousa

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