Um mercado de transferências que não deixa os clubes descansados

Ainda faltam 18 dias para que os clubes portugueses deixem de ver jogadores entrar ou sair dos seus plantéis. O FC Porto parece perto do seu plano final, Benfica e Sporting ainda correm o risco de ter “surpresas”.

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O belga Defour protagonizou a mais recente mexida no plantel dos três primeiros da Liga do ano passado e trocou o FC Porto pelo Anderlecht Francisco Leong/AFP

Começou a 1 de Julho, vai terminar a 1 de Setembro. Ainda faltam 18 dias para fechar a janela de Verão do mercado de transferências e não se pode dizer que os três “grandes” do futebol português tenham já fixado o plantel com que vão enfrentar a época 2014-15. O FC Porto será aquele que está mais próximo do seu modelo final, até porque os seus jogadores mais cobiçados (Jackson será a maior excepção) já abandonaram o Dragão. Jorge Jesus já assumiu que o Benfica precisa de reforços (mais ou menos, dependendo das saídas), enquanto o Sporting terá de procurar alternativas aos mundialistas que querem sair.

Dos três, era o Sporting quem parecia ter o grupo mais estabilizado, anunciando jogadores mesmo antes de ter um novo treinador. Os jogadores iam chegando, não se perspectivavam saídas e Bruno de Carvalho dizia que o Sporting não estava desesperado para vender os seus elementos mais cobiçados: William Carvalho, Marcos Rojo e Islam Slimani, três jogadores que estiveram no Mundial do Brasil. A saída conflituosa para o Tottenham de Eric Dier, bastante utilizado por Marco Silva na pré-época, foi um primeiro sinal de que essa estabilidade não era total, mas o Sporting contratara três centrais (Paulo Oliveira, Sarr e, depois, Rabia) e poderia compensar esta saída sem sobressaltos.

Mais difícil será absorver eventuais saídas de Slimani e Rojo, em ruptura com o clube e, como admitia anteontem Bruno de Carvalho, alvos de processos disciplinares. Ambos valorizaram-se com o Mundial e sentiram-se com legitimidade de forçar a saída. Pelas informações veiculadas, não querem ficar no Sporting, não vão estar em Coimbra no sábado para a estreia dos “leões” no campeonato e Bruno de Carvalho terá de encontrar alternativas para dois jogadores que, à partida, seriam titulares. “Pode haver a necessidade de ir ao mercado”, garantia, anteontem, o presidente “leonino”, dando a entender que os eventuais substitutos já estão identificados.

Se a saída de Rojo já parecia acautelada com a contratação do francês Sarr, um central canhoto tal como o internacional argentino, já Slimani é um avançado com características que não existem em Montero e Tanaka. Para além destes dois, há ainda William Carvalho, cujo abandono poderá abrir um buraco na estratégia de Marco Silva, que é a de aproveitar o mais possível o trabalho do seu antecessor. Se William deixar Alvalade (e ele está na lista de muita gente com dinheiro), o Sporting vai ter um grande problema para resolver.

O Benfica já sofreu com a saída de Jan Oblak para o Atlético de Madrid e com a incapacidade em segurar jogadores como Rodrigo, Markovic, Garay e Siqueira. As primeiras soluções que apareceram não foram satisfatórias e muitas dessas contratações iniciais (Candeias, Luís Felipe e Victor Andrade) não têm lugar entre os eleitos de Jorge Jesus, que confia mais nos que vêm da época passada que em quase todos os reforços já assegurados para esta época — apenas dois dos novos jogaram de início na Supertaça frente ao Rio Ave. E as saídas de Ivan Cavaleiro, João Cancelo, Bernardo Silva, Cardozo e André Gomes também  limitam as opções de Jesus para os primeiros jogos da época.

Depois de uma pré-época desastrosa, o Benfica até deu bons sinais no seu primeiro jogo oficial da época, mas o mercado ainda poderá fazer estragos. Já se sabe que Gaitán e Enzo Pérez, duas das jóias do plantel, são jogadores pretendidos e as suas saídas também serão rombos difíceis de compensar. Das entradas já confirmadas, só Eliseu, Talisca, Derley e Bebé serão opções imediatas, mas o plantel “encarnado” continua com lacunas óbvias, a começar na baliza. O grego Karnezis deverá ser anunciado a qualquer momento, mas não deverá ser o único guarda-redes a entrar, e Jesus ainda espera, pelo menos, mais um central, dois médios e um avançado.

Dos três, é o FC Porto quem tem mostrado maior fulgor financeiro para atacar o mercado. Os portistas venderam dois dos seus jogadores mais importantes dos últimos anos, Fernando e Mangala, ao Manchester City, e seguraram Jackson com uma renovação de contrato e uma cláusula de rescisão menor — passou de 40 milhões de euros para 35. As restantes saídas, incluindo a de Defour, confirmado ontem no Anderlecht por seis milhões de euros, funcionaram como limpeza de balneário e abriram espaço para as entradas dos jogadores pedidos por Julen Lopetegui, a maioria recrutados no mercado espanhol.

Alguns (Tello, Casemiro e Óliver) vieram por empréstimo, outros significaram grandes investimentos, como Adrián (11 milhões), Martins Indi (sete milhões) e Brahimi (6,5 milhões), enquanto, de clubes portugueses, chegaram Ricardo, Sami e Evandro a custo zero. Na lista de compras do FC Porto parece restar apenas lugar para um avançado, mas Lopetegui já tem quase tudo o que precisa e, se Jackson continuar, vai enfrentar o que resta do mercado com relativa tranquilidade.

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