Triatlo português tenta consolidar-se entre a elite mundial com três atletas masculinos

A modalidade já rendeu uma medalha olímpica a Portugal, quando Vanessa Fernandes conquistou a prata, em Pequim 2008. Mas os tempos agora são outros e as mulheres portuguesas nem estarão representadas.

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O triatlo é composto por três desportos: natação, atletismo e ciclismo STOYAN NENOV/Reuters

Portugal terá três atletas, o máximo possível por nação, nos Jogos do Rio de Janeiro, e o objectivo passa por lugares entre os dez melhores (o que não será fácil) e a consolidação de Portugal como uma potência de topo na modalidade. O lado feminino, em que a história tem sido muito positiva para Portugal, não terá, desta vez, presença lusa.

João Silva, João Pereira e Miguel Arraiolos serão os três portugueses no triatlo masculino e, curiosamente, são todos patrocinados pelo Benfica. Num pelotão de 56 atletas, além de Portugal, só mais sete países têm esse máximo de três presenças assegurado - Grã-Bretanha, Austrália, França, México, Rússia, Estados Unidos e Espanha.

João Silva (natural da Benedita, onde nasceu a 15 de Maio de 1989) é o português de maior renome internacional, depois de uma irrupção fortíssima na cena mundial em 2010, quando se colocou em quinto lugar da classificação global do campeonato mundial, que entretanto tinha passado a ser uma soma das várias provas de topo da temporada, ao contrário do passado. Em 2011 foi 13.º nessa classificação, e nos Jogos de Londres, no ano seguinte, conseguiu uma muito boa posição de nono classificado. Os progressos foram-se tornando mais difíceis no futuro imediato, até porque o jovem atleta estava envolvido com o curso de medicina e, em 2013, João Silva procurou treinador exterior, na figura do neo-zelandês Joel Filliol, fazendo daquele país oceânico a sua base de treino. Actualmente, é o 25.º do ranking mundial, antes dos Jogos. Mas já se sabe que é um atleta com capacidade para se superar nos momentos cruciais, o que de resto lhe deu a medalha de prata, a 11 segundos do triunfo, nos primeiros Jogos Europeus, disputados em Baku, o ano passado.

João Pereira (natural das Caldas da Raínha, nascido a 28 de Dezembro de 1987) não conseguiu por pouco a qualificação para os Jogos de Londres, em 2012, mas daí para diante vem progredindo de forma clara, tendo sido o melhor português no ranking mundial em 2014 (quinto) e 2015 (oitavo), depois do próprio João Silva ter sido sexto em 2013. Actualmente, é o 21.º do ranking mundial. Partilha o técnico, Lino Barruncho, e o lugar de habitação, o Centro de Alto Rendimento do Jamor, às portas de Lisboa, com o outro português nos Jogos, Miguel Arraiolos, e ambos confirmam uma amizade a toda a prova. João tem uma qualidade suplementar, a de ser um excelente corredor, capar de abordar os 10km finais do formato olímpico do triatlo com ambições, e é habitual vê-lo em provas populares de atletismo obtendo boas classificações. O seu recente quarto lugar no triatlo de Hamburgo, a contar para o campeonato do mundo, é de muito bom augúrio.

Miguel Arraiolos (nascido em Santarém, a 12 de Julho de 1988) não deixou fugir a possibilidade de estar no Rio após uma progressão longa e sustentada, que teve como facto mais notório a subida de 63.º a 37.º no ranking mundial entre 2013 e 2014, estabilizando no 43.º posto em 2015. Este ano está no 76.º lugar do ranking mundial (mais recentemente foi 30.º em Hamburgo) e não esconde que a presença no Brasil será como que uma corrida de balanço para aquela que acredita ser a sua grande possibilidade, daqui a quatro anos, nos Jogos de Tóquio.

Os recentes campeonatos da Europa de Lisboa, disputados a 28 de Maio, dão uma ideia do que podem esperar os aletas lusos no Rio. Num sprint final vigoroso, João Pereira foi sexto e João Silva sétimo, ficando para Miguel Arraiolos, que então não se encontrava na melhor condição, o 41.º lugar. Claro que alguns dos melhores europeus não vieram a Lisboa, na altura, mas a prova teve no espanhol Javier Gomez, medalha de prata olímpica em 2012 (e, desta vez, ausente do Rio), o seu vencedor. Sem dúvida, pelo menos no lado masculino, a Europa é actualmente o continente mais forte a nível global e dir-se-á que as equipas da Grã Bretanha e Espanha poderão apresentar os maiores candidatos. Os britânicos serão Gordon Benson, Alistair Brownlee e Jonathan Brownlee, estes os dois irmãos do pódio de 2012 (Alistair campeão). Os espanhóis serão Mario Mola e Fernando Alarza, os dois primeiros do actual ranking mundial, e depois Vicente Hernández. De resto Mola confirmou estar em plena forma com o recente triunfo de Hamburgo.

Outros candidatos potenciais ao pódio serão o francês Pierre le Corre e o australiano Ryan Bailey, respectivamente quarto e sexto do ranking mundial, mas uma coisa é certa e poderá favorecer os portugueses num bom dia - a prova será muito aberta, certamente mais que há quatro anos em Londres.

Prata de Vanessa Fernandes, o ponto alto

O triatlo é olímpico desde Sydney 2000 e Portugal esteve presente desde Atenas 2004 até Londres 2012, passando por esse ponto altíssimo da medalha de prata obtida por Vanessa Fernandes, em Pequim 2008.

Aliás, foi Vanessa quem estreou Portugal no triatlo olímpico, com um sensacional oitavo lugar nos Jogos de Atenas, quando ainda só tinha 18 anos de idade, em prova ganha pela austríaca Kate Allen, que se juntou ao neo-zelandês Hamish Carter, vencedor masculino. Em Sydney haviam triunfado o canadiano Simon Whitfield e a suíça Brigitte McMahon.

Já em Pequim 2008 Vanessa apenas foi superada pela australiana Emma Snowsill, sendo o segundo lugar de então um autêntico milagre de superação dado que a portuguesa se encontrava numa fase de enorme saturação competitiva, pois tinha efectuado 20 triatlos - a maioria - ou duatlos nas épocas de 2006 e 2007.

No lado masculino, triunfou o alemão Jan Frodeno, Bruno Pais foi 17.º e Duarte Silva Marques 45.º.

Finalmente em Londres 2012 só houve representação portuguesa no lado masculino tendo João Silva ficado num excelente 9.º lugar, enquanto Bruno Pais acabava em 41.º, vencendo o britânico Alistair Brownlee. Nas mulheres houve mais um triunfo para a Suíça, através de Nicola Spirig.

Atletas

João Silva (2.ª participação)

João Pereira (estreante)

Miguel Arraiolos (estreante)

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