Três antigos dirigentes do atletismo banidos de forma vitalícia

Em causa estão casos de corrupção e doping envolvendo dirigentes e atletas.

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O atletismo internacional vive sob a sombra do doping EDUARD KORNIYENKO/Reuters

O escândalo de doping e corrupção no atletismo mundial fez as suas três primeiras vítimas. A comissão de ética da Federação Internacional de Atletismo (IAAF, sigla na versão inglesa) anunciou nesta quinta-feira que três antigos altos responsáveis daquela organização foram banidos de forma vitalícia da modalidade: o russo Valentin Balakhnichev, que foi tesoureiro da IAAF até Dezembro de 2014 e antigo presidente da federação russa, Alexei Melnikov, antigo técnico da equipa de marcha da Rússia, e o senegalês Papa Massata Diack, ex-consultor da IAAF e filho do ex-presidente da IAAF, Lamine Diack.

O novo presidente da IAAF, o britânico Sebastian Coe, não deixou de saudar esta decisão. “As suspensões vitalícias anunciadas hoje enviam uma mensagem bem forte àqueles que tentam corromper ou preverter o atletismo, de que serão levados à justiça”, afirmou Coe em comunicado.

Para além das suspensões, os castigos são também acompanhados de multas de 15 mil a 25 mil dólares (entre 13.800 e 23 mil euros)

Um quarto antigo responsável, o médico francês Gabriel Dollé, encarregue da luta antidoping na IAAF até ao fim do ano de 2014, foi igualmente considerado culpado mas num grau inferior, tendo sido punido com uma suspensão de cinco anos.

Estes quatro responsáveis caem devido a "esquecimentos" dos procedimentos a tomar relacionados com o doping envolvendo a atleta russa Liliya Shobukhova.

A comissão de ética da IAAF fez as contas e chegou a cerca de 600 mil dólares (cerca de 558 mil euros) que permitiram à fundista Shobukhova participar nos Jogos Olímpicos de Londres 2012.

A russa seria, contudo, apanhada nas malhas do doping pouco tempo depois. E solicitaria a devolução dos montantes pagos junto dos elementos implicados nos esquecimentos que a deveriam ter protegido dos controlos antidoping. Acabaria por reaver apenas 300 mil dólares em 2014.

Os quatro elementos agora castigados não se dão, contudo, por vencidos e têm a hipótese de recorrer para o Tribunal Arbitral do Desporto (TAD). Balakhnichev considerou-se mesmo escandalizado com a punição a que foi sujeito. "Tudo isto parece-me uma decisão política. Algumas forças tentam aumentar a pressão sobre o desporto russo, tomando decisões radicais”, declarou à agência noticiosa russa TASS.

Apesar do contra-ataque, toda a acusação parece demasiado poderosa para ser desfeita com meras declarações indignadas, já que o alegado sistema de corrupção que estava montado era bem mais vasto.

A 9 de Novembro de 2015, uma comissão de inquérito independente da Agência Mundial de Antidopagem (AMA) tornou público um relatório que colocava à luz do dia um esquema de dopagem organizado na Rússia e pormenores relacionados com práticas de corrupção que envolviam as mais altas esferas da IAAF.

Quatro dias depois, a 13 de Novembro, o Conselho da IAAF – o órgão de governo da federação – anunciou a suspensão provisória da Rússia de todas as competições, abrindo dessa forma a porta à ausência dos atletas russos dos próximos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016.

E mais revelações serão brevemente conhecidas. A AMA deve igualmente tornar público, dia 14 de Janeiro, em Munique, a segunda parte do seu relatório sobre práticas dopantes e dados relativos a corrupção no atletismo.

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