“Tenho 34 anos e jogo na NBA. Sou negro. E sou gay

Jason Collins é o primeiro desportista no activo num campeonato profissional dos EUA a assumir publicamente a homossexualidade.

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Jason Collins, ao centro, com a camisola 98, luta pela bola Jim Young/Reuters

Após representar seis equipas profissionais nas 12 temporadas que jogou na NBA, durante as quais disputou nove vezes os play-off e tendo inclusivamente chegado duas vezes à final da Liga norte-americana de basquetebol, Jason Collins decidiu assumir publicamente a sua homossexualidade. “Foi uma viagem de autodescoberta”, admite o basquetebolista dos Washington Wizards, num artigo que será publicado no próximo número da revista Sports Illustrated.

“Tenho 34 anos e jogo na NBA. Sou negro. E sou gay”. É desta forma que começa o texto de Jason Collins. “Não era meu objectivo ser o primeiro desportista no activo num campeonato profissional dos EUA a assumir publicamente a homossexualidade. Mas, uma vez que o sou, estou feliz por falar do tema”, acrescenta.

“Por que estou a assumir-me agora? Bem, comecei a pensar nisso em 2011, durante o lockout da NBA. Sou uma criatura de hábitos. Quando a época regular termina, começo imediatamente a preparar-me para o arranque da próxima temporada. Mas o lockout deu cabo dos meus hábitos e forçou-me a confrontar-me com quem realmente sou e com o que realmente quero. Com o início da época adiado, treinei e preparei-me. Mas faltava-me a distracção que o basquetebol sempre proporcionou”, escreve ainda Jason Collins.

O basquetebolista dos Washington Wizards recorda também como foram as reacções da família à sua revelação. “O primeiro parente a quem me confessei foi a minha tia Teri, juíza em São Francisco. A reacção dela surpreendeu-me. ‘Há anos que sabia que eras gay’, disse ela. Desde esse momento, fiquei confortável na minha própria pele”, admite. “Só me assumi perante o meu irmão [gémeo Jarron] no Verão passado. A reacção dele à revelação foi radicalmente diferente da da tia Teri. Ele ficou absolutamente estupefacto. Nunca suspeitou”, acrescenta no texto escrito para a Sports Illustrated.

“Quando era novo, namorei com raparigas. Até estive para casar. Pensava que devia viver de uma certa forma. Pensava que precisava de casar-me com uma mulher e ter filhos”, recorda ainda Jason Collins.

“Quanto à reacção dos adeptos, não quero saber se me vão importunar. Já fui apupado antes. Houve vezes em que quis apupar-me a mim próprio. Mas muitos sentimentos negativos podem ser curados com vitórias”, escreve ainda o basquetebolista dos Washington Wizards.

“Fico feliz por poder parar de me esconder e concentrar-me na minha 13.ª época na NBA. Na próxima temporada, é provável que haja mais olhos postos em mim. Isso só me motiva para trabalhar mais”, conclui Collins.

O presidente dos Washington Wizards, Ernie Grunfeld, mostrou-se orgulhoso e saudou a decisão de Jason Collins se assumir publicamente. “Estamos extremamente orgulhosos do Jason e apoiamos a decisão que tomou de viver a vida de forma orgulhosa e aberta. Tem sido um líder dentro e fora de campo e um extraordinário companheiro de equipa ao longo da sua carreira na NBA. Estas qualidades vão continuar a fazer dele um modelo positivo para os outros, qualquer que seja a orientação sexual”, disse o dirigente.
 

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