TamU, o clube que os adeptos não deixaram morrer

De campeão no terceiro ano de vida ao eclipse, o Tampere United viveu dias atribulados. Vai voltar à vida graças aos adeptos.

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A ligação com os adeptos é a base da nova vida do Tampere United cortesia Hannu Sillanpää
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Em três anos, a equipa liderada pelos adeptos conseguiu duas subidas de divisão cortesia Hannu Sillanpää
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No próximo ano o Tampere United original regressará aos relvados cortesia Hannu Sillanpää
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O clube surgiu em 1998, foi três vezes campeão da Finlândia e chegou a disputar as pré-eliminatórias da Liga dos Campeões Gorm Kallestad/Reuters (arquivo)
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O Tampere United costumava jogar perante 3000 adeptos. Agora são 200 cortesia Hannu Sillanpää

A história do Tampere United podia ser a de um cometa futebolístico: um clube que cresceu demasiado rápido, atingiu a glória e eclipsou-se tão depressa quanto tinha surgido. Mas, graças aos seus adeptos, o desaparecimento foi evitado. Quando, em 2011, o TamU, como é carinhosamente tratado, foi banido das provas oficiais por suspeitas de actos ilícitos, foram os adeptos a evitar que caísse no esquecimento.

Tudo começou em 1998, após o falhanço de um projecto para a fusão de dois clubes de Tampere, o Ilves e o TPV, ambos fundados na década de 1930. Os dois clubes continuaram a existir, mas foi criado na mesma o Tampere United – que tomou o lugar do Ilves no segundo escalão. A época de estreia resultou na promoção à Liga finlandesa e, três anos depois, a cidade a quase 180 quilómetros da capital Helsínquia celebrava o título. Nos anos que se seguiram, o TamU esteve nas provas europeias – defrontou equipas como a Lazio, Rosenborg ou Bordéus – e sagrou-se campeão outras duas vezes, em 2006 e 2007 (ano em que também venceu a Taça). Depois vieram os problemas.

As dificuldades económicas acentuaram-se a partir de 2009. E, em 2011, a Federação finlandesa excluiu o clube das competições profissionais. Em causa estava um contrato com a Exclusive Sport PTE Ltd, empresa de Singapura que teria influenciado a escolha de jogadores para determinados jogos. Havia suspeitas de manipulação de resultados e dois dirigentes do TamU foram acusados de lavagem de dinheiro.

Suspensos indefinidamente pela Federação, os “azuis e verdes” estavam condenados a desaparecer. Mas então os adeptos disseram presente: uma associação que tinha sido criada em 2009 para tomar uma participação no clube e dar voz aos adeptos assumiu a responsabilidade e tentou inscrever uma equipa no último escalão. “Já não era possível, porque os calendários estavam definidos. Em 2011 o TamU-K [o K é de kannattajat, adeptos] jogou apenas futebol amador. Foi a fase mais crítica do clube”, recordou ao PÚBLICO o presidente da associação de adeptos do Tampere United, Heikki Wilen, por e-mail.

No ano seguinte a equipa dos adeptos foi inscrita e disputou a última divisão, conquistando a subida. Em 2013 nova promoção, para o quinto escalão do futebol finlandês. E a sequência teria continuado no ano passado, não fosse a derrota no play-off. “Os jogadores são todos amadores e sentimos muitas dificuldades. Temos quase 40 jogadores na equipa para termos gente suficiente em todos os jogos. Se, durante a época, lhes apetece por exemplo ir de férias duas ou três semanas durante a época, eles vão”, lamentou Heikki Wilen.

A queda teve reflexo no número de pessoas nas bancadas, admitiu: “Os finlandeses tendem a seguir apenas os clubes de topo. O Tampere United tinha em média 3000 pessoas nos jogos, mas agora andamos pelos 200. Muita gente que apoiava o Tampere United agora torce pelo Ilves, porque eles estão na primeira divisão. Mas estamos a conseguir mudar isso”, apontou Wilen, frisando que não é fácil ser “um clube marginal da quinta divisão, numa cidade que tem um clube na primeira, dois na terceira e quatro na quarta divisão”.

Passo a passo, os “azuis e verdes” vão recuperando: em 2016 o TamU vai voltar aos relvados, quando os adeptos que lideram o TamU-K assumirem o controlo do clube original. No quinto ou no quarto escalão, tanto faz. Porque o lema deles é “Sempre Tampere, para sempre United”.

* Planisférico é uma rubrica semanal sobre histórias de futebol e campeonatos periféricos

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