Plano foi cumprido sem sobressaltos

Sem Jorge Jesus no banco, Sporting venceu Legia Varsóvia por 2-0 e somou os primeiros pontos na Liga dos Campeões.

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Bryan Ruiz festeja o primeiro golo da noite, em Alvalade Rafael Marchante/Reuters

Se Jorge Jesus não está no banco, é garantido que os jogadores do Sporting vão ter um jogo bastante mais descansado. Não vão ter o seu treinador por perto a gritar constantemente com eles e a correr bem para lá dos limites do banco de suplentes. Jesus é assim, não há nada a fazer, e tem sofrido muitos castigos à conta disto. Mas Jesus é mais do que este "boneco" que grita, pula e esbraceja. É um treinador com um plano e, nesta terça-feira, não se sentiu a sua falta no banco “leonino” no triunfo tranquilo sobre o Legia Varsóvia por 2-0 no jogo da 2.ª jornada do Grupo F da Liga dos Campeões. O plano foi cumprido sem sobressaltos.

Quando o Sporting deixou fugir a vitória nos últimos minutos em pleno Bernabéu, frente ao Real Madrid, Jesus, vítima do seu temperamento, já não estava no banco e, depois acabou por referir que, se tal não tivesse acontecido, os “leões” não teriam perdido. A verdade é que nunca o saberemos. Só que esse era um jogo de vantagem mínima na casa do campeão europeu. Totalmente diferentes eram as condições que o Sporting tinha nesta terça-feira, a jogar em casa frente a um adversário polaco que, se mantiver este nível, dificilmente fará qualquer ponto na Champions.

Se lá estivesse junto ao relvado, Jesus por certo teria feito exactamente o mesmo que costuma fazer, o oposto do seu adjunto de muito anos, Raul José, discretíssimo, eficaz a manter a equipa dentro da estratégia mas sem a mesma fleuma do chefe de equipa. O plano para defrontar o Legia não foi muito diferente do que tinha valido um triunfo sobre ao Estoril, apenas com uma alteração no “onze” inicial, a entrada de Bruno César para o ataque e o sacrificio de Alan Ruiz, que nem no banco estava. Mas, onde quer que estivesse a ver o jogo, Jesus terá ficado muito irritado com o que viu nos primeiros minutos.

Em vez de ser dominador desde o arranque perante uma equipa com muitas debilidades em todos os sectores e conduzida por um treinador em estreia absoluta, o Sporting esperou 15, 20 minutos até fazer o que lhe competia. De assinalar, nos primeiros instantes, talvez aquela que terá sido a melhor jogada do Legia na primeira parte, aos 6’, um lançamento em profundidade que tinha Langil como destinatário e a que Patrício teve de se antecipar com um corte com a cabeça fora da sua área.

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Depois da sonolência inicial, o Sporting começou levar o jogo em permanência até à área polaca, com a velocidade de Gelson Martins e o futebol refinado de Ruiz a marcarem a diferença. Aos 10’, Gelson avança pelo flanco, mete a bola em Bas Dost e o holandês assiste para Adrien rematar por cima. Este era o início de um duelo do capitão “leonino” com a baliza polaca em que saiu sempre derrotado. Pouco depois, aos 18’, é Gelson que tem o golo nos pés, mas, após canto e bem perto da linha de golo, acerta na trave.

O primeiro golo não iria demorar muito mais. Aos 28’, após canto do lado direito do ataque “leonino”, a bola sofreu um desvio de Radovic e Ruiz, ao segundo poste, só teve de encostar para as redes de Malarz. O jogo estava desbloqueado e a vantagem era mais do que justa, mas, nesta altura, já o Sporting estava a dever, pelo menos, mais um par de golos a si próprio. O segundo apareceu pouco depois, aos 38’. Mais uma vez, muito espaço no sector mais recuado do Legia, passe perfeito de Adrien para Bas Dost e o longilíneo ponta-de-lança holandês fez o 2-0, o seu primeiro golo na Champions pelos “leões” e o quinto golo que marcou desde que chegou a Alvalade.

Anunciava-se uma goleada frente a este débil campeão polaco, com um treinador novo há três dias, 14.º classificado do seu campeonato e já com uma goleada europeia sofrida nesta Champions (0-6 em casa com o Borussia Dortmund), mas, com mais de metade do jogo ainda pela frente, o marcador não voltou a funcionar. Houve oportunidades para isso, como a de Coates aos 39’ ou a de Adrien aos 55’, ambas paradas pelo guardião Malarz, o único do qual vale a pena verdadeiramente falar nesta equipa polaca, que até foi ligeiramente mais atrevida na segunda parte. A cada golo falhado, Jesus terá tido, por certo, um ataque de fúria, mas desta vez o desperdício não teve grande consequência. Foram uns primeiros três pontos de Champions tão saborosos quanto tranquilos, e este anunciado “grupo da morte” para o Sporting continua bem vivo.

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