Como as coisas estão agora, o Sporting ainda depende apenas de si para seguir em frente na Liga Europa. Tanto pode ficar em primeiro como em último do Grupo H da Liga Europa, mas, para manter vivas as suas ambições europeias, precisa de vencer nesta quinta-feira em Moscovo o Lokomotiv, ou, quanto muito, fazer o mesmo resultado que o Besiktas fizer em casa frente ao Skenderbeu. Seja como for, os “leões” têm muito pouca margem para errar, mas Jorge Jesus não vai abdicar de fazer rotação na equipa, tal como tem feito em todos os jogos do torneio.

O grande desafio de Jesus para este jogo será encontrar fazer as habituais mudanças sem comprometer a competitividade “leonina” frente àquela que tem sido, até agora, a melhor equipa do agrupamento. A lista de convocados já dá algumas pistas sobre quem Jesus não vai utilizar do seu “onze” base. Pelo menos quatro ficam garantidamente de fora da equipa titular em Moscovo, Rui Patrício (expulso na Albânia), William Carvalho, Jefferson e Teo Gutierrez (lesionados).

O discurso de Jesus sugere mais alterações. “Não vou fugir um milímetro daquilo com que comecei esta Liga Europa”, dizia ontem o técnico. É, assim, provável, que Slimani, o avançado mais em forma do Sporting, comece no banco, com Jesus a apostar em Montero e Tanaka de início, e que jogadores como Matheus Pereira, Gelson e Aquilani sejam, também titulares. Quase certa será o regresso de Naldo ao “onze”, ele que não pode jogar nas competições nacionais por castigo.

A estratégia tem resultado para aquilo que Jesus tem definido como prioridade, o campeonato (que o Sporting lidera), mas com resultados desiguais na Liga Europa, em que o Sporting tem uma vitória (Skenderdeu, em casa), um empate (Besiktas, fora) e duas derrotas (Lokomotiv, em casa, e Skenderbeu, fora). O que importa reter, tendo em conta a estratégia do técnico, é que os “leões” venceram sempre no campeonato após os jogos da Liga Europa.

E não há razões para pensar que Jesus vá fazer algo diferente, mesmo que isso implique ficar afastado da competição europeia, até porque o Sporting teve uma desgastante eliminatória da Taça de Portugal de 120 minutos frente ao Benfica no último sábado e terá mais uma jornada da liga portuguesa na segunda-feira com o Belenenses. "Vou escolher os melhores, como tenho feito sempre, acreditando que é o melhor não só para o jogo de amanhã, mas também para o futuro do Sporting. Se perdermos, ponto final na Liga Europa. Não passámos a fase de grupos, mais nada. Para mim é só isso", frisou o técnico “leonino”, que, para o jogo em Moscovo, chamou alguns jogadores da equipa B.

O extremo Daniel Podence e o guarda-redes Vladimir Stojkovic integraram a comitiva “leonina” e Jesus admite mesmo poder utilizar o jovem avançado frente ao Lokomotiv, aproveitando, também, para defender as suas opções europeias: “Para mim as minhas escolhas são as melhores. Tudo pode acontecer. Tenho vários objectivos. Se sou eu que lidero a equipa, eu que tenho de fazer de treinador e de coisas que vocês não entendem, eu decido. Se entender que o miúdo Podence deve jogar, vai jogar. E nunca jogou.”

Para se manter em pleno na luta por um lugar nos 16-avos-de-final, a vitória em Moscovo é o resultado mais desejável, mas, na verdade, o Sporting só precisa, no mínimo, de fazer, nesta jornada, os mesmos pontos que o Besiktas, segundo classificado do agrupamento, para manter a diferença em dois pontos e levar a decisão do grupo para a última jornada, em Alvalade, frente à equipa turca. Um eventual triunfo em Moscovo será um feito inédito para o Sporting, que nunca venceu na Rússia. O melhor que conseguiu foi um empate (1-1) frente ao Spartak de Moscovo na fase de grupos da Champions em 200-07. E o saldo global contra equipas russas é francamente negativo, com apenas uma vitória (no play-off da Champions com o CSKA) e um empate em oito jogos.

O Sporting já sentiu na pele o que vale este Lokomotiv de Moscovo, actual terceiro classificado na liga russa, com o desaire sofrido em Alvalade por 3-1 na entrada dos “leões” na Liga Europa, e Jesus não espera facilidades: “As equipas russas têm bons jogadores. Não são só jogadores daqui e não são estrangeiros que apareceram aqui porque sim. Têm de valorizar o que são estas equipas e quais as qualidades. Estão ao nível das melhores equipas portuguesas. Por isso é que é difícil de lhes ganhar.”