SAD do Sporting com prejuízos pela quinta época seguida

Situação de falência técnica agravada. Números ainda não incluem recentes encaixes com transferências.

Foto
Bruno de Carvalho, presidente do Sporting Bruno Simões Castanheira

É a quinta temporada seguida em que a SAD do Sporting apresenta prejuízos. A época 2012-13 encerrou com perdas de 43,6 milhões de euros, ligeiramente melhor do que os 45,9 milhões da época anterior, mas a situação de falência técnica agravou-se, com os capitais próprios negativos a passarem de 75,6 para 119 milhões de euros (ME).

Estes são alguns dos dados mais relevantes do relatório e contas da SAD do Sporting, enviado na sexta-feira à noite à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) e que será sujeito à aprovação dos accionistas em assembleia geral marcada para 30 de Setembro.

Nas contas de 2012-13, ainda não estão espelhados os recentes encaixes do Sporting com as transferências de Bruma e de Tiago Ilori, nem os efeitos da reestruturação que tem vindo a ser feita pela direcção de Bruno de Carvalho.

O passivo do Sporting aumentou 38,8 ME para 258,8 ME, o que agravou a situação financeira da SAD leonina, atirando os capitais próprios negativos (situação vulgarmente conhecida como falência técnica) para os 119 milhões de euros.

No relatório enviado à CMVM, Bruno de Carvalho diz que encontrou uma situação financeira “sufocante” e assume que lançou “as bases para um projecto sustentável”.

“Em termos desportivos, o modelo privilegia a formação e um plantel reduzido, com a complementaridade, e a existência de vasos comunicantes entre equipa A e B e com uma estrutura bem definida. (...) Definiu-se como prioridade a renovação de contratos com os jogadores oriundos da formação e com forte potencial e o reforço de alguns jogadores para posições estratégicas que venham a conferir valor e maturidade à equipa", acrescentou o líder “leonino”

E o presidente do Sporting assume mesmo a intenção de a SAD dar lucros. “Em termos de gastos das sociedades, a aposta do actual conselho de administração é numa fixação de limites face às receitas estimadas, procurando a obtenção e manutenção de resultados líquidos positivos, criando as bases para uma recuperação patrimonial sustentada”, lê-se no relatório e contas. A última vez que a SAD leonina obteve lucros aconteceu em 2007-08 (600 mil euros).

A época de 2012-13 – que já conta para o fair play financeiro (sistema de controlo das finanças dos clubes da UEFA) – voltou a ser muito negra para o Sporting.

As receitas operacionais caíram de 40,7 para 32 milhões, enquanto os custos operacionais se mantiveram na casa dos 66 milhões, com particular peso dos custos com pessoal (41,6 milhões de euros).

O Sporting justifica a quebra de 21,5% nos rendimentos e ganhos com os decréscimos de bilheteira, de patrocínios, publicidade, merchandising e licenciamento, bem como nos direitos de TV, quotizações e verbas resultantes do desempenho na Liga Europa.

Já no capítulo das transacções de passes de jogadores, o resultado melhorou face a 2011-12, graças à venda dos passes Ricky van Wolfswinkel (Norwich) e Matias Fernández (Fiorentina) e aos direitos de formação, nomeadamente de João Moutinho. O encaixe aumentou assim de 5,6 ME para 16,9 ME.

Na mensagem aos accionistas, Bruno de Carvalho diz que o exercício passado “foi atípico, fortemente influenciado pela situação vivida no Sporting Clube de Portugal, accionista maioritário da Sporting SAD, e que se caracterizou por uma forte instabilidade”: “Esta derivou de problemas diversos relacionados com opções tomadas ao nível da gestão, pelos desastrosos resultados desportivos e por alterações sucessivas, nomeadamente ao nível da estrutura do futebol profissional”, acrescentou o presidente dos “leões”, referindo-se à pior época de sempre da equipa de futebol, que ficou em 7.º lugar na Liga e falhou a pela primeira vez a presença nas competições da UEFA.

Sugerir correcção
Comentar