A simplicidade é uma arte e Marco Silva mostrou-o no Estádio do Dragão

Julen Lopetegui mexeu mais uma vez no “onze” portista e o Sporting aproveitou para levar o FC Porto ao tapete na Taça de Portugal.

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Foto: Miguel Riopa/AFP
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O senso comum prova-nos, quase sempre, que as coisas simples da vida são as melhores e as que nos trazem resultados positivos, mas há quem insista em tentar provar o contrário. Julen Lopetegui é um desses casos. Apesar dos avisos recentes, o treinador do FC Porto voltou a surpreender nas escolhas iniciais e as suas apostas voltaram a revelar-se um flop. Porém, ao contrário do que aconteceu nas partidas anteriores, nas quais o basco emendou alguns equívocos ao intervalo, desta vez as rectificações chegaram tarde. Sem inventar, Marco Silva jogou com o óbvio e colocou o laboratório de experiências de Lopetegui em curto-circuito: com o justo triunfo por 3-1 no Estádio do Dragão, os “leões” seguem em frente na Taça de Portugal.

Contra o Boavista, o FC Porto perdeu dois pontos; em Alvalade e na Ucrânia as alterações nos últimos 45 minutos evitaram a derrota; frente ao Sp. Braga as mexidas ao intervalo impediram novo deslize. No último mês são vários os exemplos de partidas em que Lopetegui foi obrigado a corrigir o surpreendente plano de jogo inicial, mas os avisos não fizeram o basco apostar na prudência.

Com currículo feito apenas ao serviço de selecções das camadas jovens, Lopetegui tem mostrado nesta primeira experiência no comando de uma equipa de topo que “onze-tipo” não faz parte do seu dicionário e, seja qual for o adversário ou a competição, não há titulares e adivinhar a equipa que o espanhol vai colocar em campo é tão difícil como saber escolher um bom melão.

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Desta vez, a lei da rotatividade do FC Porto 2014-15 deixou Martins Indi e Alex Sandro de fora dos convocados, mas Lopetegui tinha mais coelhos para tirar da cartola: Fabiano, Rúben Neves, Brahimi e Tello fizeram companhia a Quaresma no banco, Casemiro regressou, Quintero voltou a ser encostado a uma ala e Adrián López mereceu nova oportunidade.

Previsivelmente surpreendido com as escolhas do técnico rival, Marco Silva respondeu sem artimanhas ou malabarismos de última hora: o regressado Maurício fez dupla com Paulo Oliveira, o moralizado (e móvel) Montero surgiu no ataque e a única (pequena) novidade foi a titularidade de Capel. A equipa “leonina” era a óbvia e a simplicidade do treinador do Sporting foi recompensada.

Com apenas 35 segundos, Nani acertou no poste e deixou claro que os “leões” não iam ao Dragão com medo. O FC Porto ainda reagiu e criou ocasiões de algum perigo aos 4’, 7’ e 12’, mas as ameaças iniciais “azuis e brancas” foram fogo-de-vista. Perante o passivo trio portista do meio-campo (Casemiro-Herrera-Óliver), William Carvalho, Adrien e João Mário rapidamente tomaram conta das operações e, com superioridade numa zona decisiva, o Sporting começou a surgir com assiduidade na grande área do FC Porto e chegou ao golo: aos 31’, Jonathan Silva centrou e Marcano marcou “à ponta-de-lança”, mas na baliza errada.

Mas quem tem Jackson, arrisca-se a ser feliz muitas vezes. Apenas quatro minutos depois, Quintero estendeu a passadeira ao compatriota e Jackson, com a qualidade e classe habituais, fez o empate. Porém, num filme já visto contra o Shakhtar e o Sp. Braga, atrás a displicência imperava: aos 39’, Casemiro e Maicon inventaram e a bola acabou nos pés de Nani, que agradeceu (1-2).

Ao intervalo, Lopetegui abdicou de Óliver e Casemiro e lançou Rúben Neves e Tello. Porém, com Quaresma ainda no banco e Adrián ainda em campo, muitos dos problemas dos portistas continuavam. Todavia, mais uma vez, Jackson parecia querer resgatar o seu treinador: aos 51’, o colombiano (em aparente posição de fora-de-jogo) surgiu na área e, com a imprudente aproximação de Maurício, arrancou o penálti. Só que, no frente-a-frente do colombiano com Rui Patrício, o internacional português levou a melhor.

A defesa do guarda-redes deu confiança à sua equipa e o Sporting podia ter marcado aos 57’ e 63’, mas com a entrada de Brahimi os portistas melhoraram. Mas Marcano foi travado por Patrício, Jackson e o argelino falharam o alvo por centímetros e, do outro lado, o fresco Slimani fez estragos: Fernández ainda defendeu o remate do avançado, mas a bola sobrou para Carrillo, que deu o golpe final do “dragão”. De forma simples, sem invenções, o Sporting carimbava o passaporte para a 4.ª eliminatória da Taça de Portugal.


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