Sevilha por um lugar na história e Dnipro pela Ucrânia

Hoje disputa-se em Varsóvia a final da Liga Europa entre o detentor do título e um estreante que, devido à guerra, não fez nenhum dos seus jogos em casa.

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AFP

Não haverá muitos exemplos como o Sevilha na história das competições europeias. O clube andaluz esteve em três finais e ganhou-as todas. Ganhou as duas primeiras em 2006 e 2007, ganhou a terceira no ano passado, em Turim, frente ao Benfica, e, se ganhar hoje em Varsóvia (19h45, SIC), consolida o seu lugar na história das competições europeias e torna-se a única equipa a ganhar a TAÇA UEFA/Liga Europa por quatro vezes. Contra o repetente Sevilha vai estar Dnipro que, para lá de ser um estreante nestas andanças de finais europeias, tem sofrido com a guerra civil da Ucrânia, jogando sempre em casa emprestada e nunca em Dnipropetrovsk.

De facto, parece haver qualquer coisa que move esta equipa ucraniana que, em toda a sua história, nunca tinha passado dos quartos-de-final em competições europeias – chegaram aos “quartos” da Taça dos Campeões Europeus em 1984-85 e em 1989-90. “Estes são tempos difíceis para o nosso país e para nós. Esperamos que as nossas conquistas desportivas inspirem os nossos heróis que estão a defender o nosso país contra o inimigo”, declarou à Reuters Artem Fedetsky, defesa do Dnipro. “Sabemos que toda a Ucrânia vai estar connosco no estádio. Vamos jogar por eles”, acrescenta Myron Markevich, o treinador da equipa onde joga o português Bruno Gama.

A formação ucraniana começou a sua campanha em Agosto no play-off (eliminou o Hajduk Split), sobreviveu num grupo com Inter de Milão, Qarabag e Saint-Etienne, e eliminou, sucessivamente, Olimpiacos, Ajax, Club Brugge e Nápoles. Não pratica um futebol espectacular, mas é uma equipa competente e solidária e a lista de equipas que eliminou mostra que o perigou que estes ucranianos representam. O internacional ucraniano Yevhen Konoplyanka é a grande "estrela“ de uma equipa onde, para além de Bruno Gama, está outro “velho” conhecido do futebol português, o veterano avançado brasileiro Matheus (ex-Sp. Braga).

Face ao seu adverseário estreante, que quer seguir as pisadas dos outros vencedores ucranianos na Europa, Dínamo de Kiev e Shakthar Donetsk, é o Sevilha quem tem de assumir o favoritismo, não só por ser o detentor do título, mas também porque foi quinto classificado da liga espanhola (a um ponto do quarto, o Valência, e a dois do terceiro, o Atlético de Madrid). E pode conseguir nesta final da Liga Europa aquilo que perseguiu durante toda a época, um lugar na Liga dos Campeões – o vencedor em Varsóvia tem entrada directa para a fase de grupos da Champions.

Também do lado andaluz haverá portugueses, três, Beto, Daniel Carriço e Diogo Figueiras, todos eles já com experiência de jogar a final, sendo que o antigo capitão do Sporting é o jogador com mais presenças em jogos da Liga Europa (47). Mesmo tendo perdido Rakitic para o Barcelona no início da época, o Sevilha tem mostrado bom futebol esta época e está num bom momento de forma. Carlos Bacca, o avançado colombiano, Kevin Gameiro, o ponta-de-lança luso francês, ou Stephane Mbia, o médio camaronês, são jogadores com nome no futebol europeu.

Mas, apesar da experiência e do aparente favoritismo, o técnico Unai Emery, que conduziu a equipa ao triunfo na final de Turim, não acredita em vencedores antecipados. “Vai ser um jogo equilibrado e, por isso, a nossa concentração tem de estar a 100 por cento. O Dnipro é uma equipa bem organizada, com uma defesa muito sólida e que pressiona bem. Não vai ser fácil ter posse de bola”, considera o técnico espanhol, que admitiu ter pedido conselhos a Juande Ramos, o técnico que ganhou as duas primeiras Taças UEFA com o Sevilha e que treinou o Dnipro entre 2010 e 2014.

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