Portugal num grupo sem um ponto fraco e com um rival muito forte

A selecção nacional vai estrear-se no Mundial contra a Alemanha e também defrontará os EUA e o ?Gana na primeira fase. Sorteio colocou frente a frente Espanha e Holanda, os finalistas da última edição.

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Cristiano Ronaldo igualou Pauleta na lista dos melhores marcadores de sempre da selecção AFP PHOTO/ PETER MUHLY
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O momento em que Portugal saiu do pote AFP PHOTO / NELSON ALMEIDA
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Este é o terceiro mundial da carreira de Cristiano Ronaldo AFP PHOTO/ JONATHAN NACKSTRAND
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Paulo Bento AFP PHOTO / NELSON ALMEIDA

O site da FIFA foi rápido a catalogar o B, no qual foram colocados Espanha e Holanda, os finalistas da última edição, como o “grupo da morte” do Campeonato do Mundo de 2014. Três dos oito países com pelo menos um título mundial de futebol no currículo, Uruguai, Itália e Inglaterra, juntos no D pelo sorteio realizado nesta sexta-feira na Costa do Sauípe, no Brasil, discordam. Mas o único em que todas as selecções chegaram pelo menos aos oitavos-de-final no Mundial anterior é aquele em que Portugal foi sorteado (o Grupo E, por contraste, não tem nenhuma). Alemanha, Estados Unidos e Gana completam um Grupo G sem um ponto fraco óbvio, com espaço para dois semifinalistas do último Europeu e para um da Taça das Nações Africanas 2013 e ainda para o actual campeão da CONCACAF.

Se sobreviver à fase de grupos, Portugal defrontará nos oitavos-de-final um adversário do Grupo H (Bélgica, Rússia, Argélia e Coreia do Sul), o que abre, à partida, boas perspectivas. A selecção alemã, uma das três grandes favoritas a levantar o troféu no próximo ano, é a grande candidata ao primeiro lugar e também a primeira adversária da equipa de Paulo Bento, a 16 de Junho, na Arena Fonte Nova, em Salvador.

Ao duelo entre as duas nações europeias, as de maiores aspirações no grupo, está associado um dado que comprova o sucesso e a longevidade na competição da Alemanha, uma das duas selecções com mais do que três participações que nunca foi eliminada na fase de grupos (a outra é a Holanda): a Mannschaft será a primeira a chegar ao 100.º jogo em fases finais do Mundial.

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Seis dias depois, Portugal defronta em Manaus os EUA, o principal responsável pela eliminação precoce da equipa portuguesa no Mundial 2002, na única ocasião em que os dois países se defrontaram oficialmente (2-3). Os homens de Paulo Bento encerram a participação na fase de grupos em Brasília, contra o Gana, um adversário inédito a nível sénior.

O seleccionador nacional falou num “grupo equilibrado”, embora tenha reconhecido o maior potencial da tricampeã mundial (1954, 1974 e 1990). “Há uma equipa mais favorita, a Alemanha, pelo seu potencial e história, mas as outras duas, quer os EUA, quer o Gana, têm boa organização e alguns valores individuais com experiência em grandes equipas do futebol europeu”, afirmou à RTP1. O técnico não deu especial relevância ao facto de o primeiro encontro ser, teoricamente, o de maior dificuldade. “Temos a ambição que teríamos em qualquer grupo, que é passar aos oitavos-de-final, fazendo o maior número de pontos, contando com o jogo com a Alemanha”.

Grupo de Portugal com ranking médio mais alto

Os que argumentam que o Grupo G é um dos mais fortes da prova podem defender a opinião com este ponto: o quarteto de equipas que o compõem — Alemanha (2.º), Portugal (5.º), EUA (14.º) e Gana (24.º) — apresenta, olhando para a classificação FIFA actual, o ranking médio mais alto (11,3) de todos os grupos.

A história da selecção das quinas com a rival germânica, a mais concretizadora da qualificação europeia (36 golos) é já relativamente longa. O saldo é favorável à Alemanha, tanto em jogos particulares como oficiais, incluindo os dois últimos duelos oficiais, nos quartos-de-final do Euro 2008 (2-3) e na fase de grupos do Euro 2012 (0-1). Na fase final do Mundial só se defrontaram no encontro de atribuição do 3.º lugar em 2006, favorável à equipa então orientada por Jürgen Klinsmann, treinador que volta a cruzar-se no caminho de Portugal, mas agora ao serviço dos EUA.Da partida de má memória de 2002, na Coreia do Sul, sobrevivem os norte-americanos DaMarcus Beasley e Landon Donovan, ainda presentes na selecção que venceu a Gold Cup, o principal torneio da CONCACAF, em 1991, 2002, 2005, 2007 e 2013.

Do lado português, a única ligação à versão actual da selecção é feita precisamente por Paulo Bento, então suplente utilizado. “É um grupo que não poderia ser mais difícil. É um grande desafio, mas a nossa confiança cresceu durante os últimos dois anos e meio e temos o ano de maior sucesso em 100 anos de história do futebol norte-americano a sustentar-nos”, analisou Klinsmann, que terá uma reunião emotiva com a Alemanha, selecção que representou 80 vezes.

Em 2010, o Gana esteve muito perto de se tornar a primeira equipa africana a apurar-se para as meias-finais do Mundial, mas foi travada, nos instantes finais do prolongamento com o Uruguai, pela “defesa do torneio”, como lhe chamou Luis Suárez, e pelo falhanço no penálti de Asamoah Gyan, avançado que foi o melhor marcador ganês durante a qualificação para o Brasil, com seis golos. Na África do Sul, o alemão Jérôme Boateng e o ganês Kevin-Prince Boateng já se tinham tornado nos primeiros irmãos a defrontarem-se num Campeonato do Mundo e devem repetir a dose dentro de seis meses.

O Brasil realizará o jogo de abertura da prova contra a Croácia, mas o jogo de maior cartaz de toda a primeira jornada deverá ser o Espanha-Holanda, uma vez que se trata dos actuais campeão e vice-campeão do mundo. O grupo do Brasil cruzará com o da Espanha e da Holanda, o que promete um duelo emocionante para os oitavos-de-final, se o favoritismo destas selecções for confirmado.

Por outro lado, a França foi uma das grandes sortudas do torneio. Depois de conseguir o apuramento com muito custo, escapou à colocação no pote 2 (esse destino pertenceu à Itália) e vai defrontar Suíça, o cabeça-de-série mais desejado, Equador e Honduras.

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