Saviola: a camisola para animar Messi, os gritos de Van Gaal e o excesso de timidez

Em entrevista ao jornal espanhol El País, o argentino considera que a sua carreira pode ter sido prejudicada por ser demasiado introvertido.

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Saviola tem-se destacado no ataque do Málaga John Nazca/Reuters

Diz-se de Javier Saviola que a primeira época num novo clube é invariavelmente a melhor. Que depois cai de produção, relaxa, desaparece do mapa dos golos e das assistências. Em entrevista ao jornal espanhol El País, o ex-jogador do Benfica reconhece que poderá faltar-lhe alguma "má-fé".

Parque Chas, River, Barcelona, Mónaco, Real Madrid, Sevilha, Benfica e agora Málaga. Aos 31 anos, o internacional argentino já vestiu oito camisolas diferentes, e de todos os clubes por onde passou guarda boas recordações. De entre as muitas amizades que criou, dá especial destaque à relação com Xavi. "Somos muito amigos. É das pessoas que mais marcaram a minha vida, pela forma como me recebeu", conta.

Depois de ter encontrado Xavi no Barça, Saviola rumaria ao rival Real Madrid. E uma das coisas de que se orgulha é de não ter sentido dos adeptos catalães qualquer tipo de rancor ou represália. "Sempre me trataram bem. Aplaudiram-me quando voltei a Camp Nou com o Real. Foi como voltar a casa", recorda.

Quando confrontado com a pergunta sacramental – por que razão a sua carreira não teve continuidade num dos clubes por onde passou –, Saviola faz uma leitura curiosa. "Não culpo ninguém. Será por causa da minha personalidade, que me foi desfavorável. Faltou-me má-fé, um pouco de egoísmo, ser de outra maneira que não sou. Alguém pensou que seria fácil deixar-me de fora, porque não protestava. Por ser introvertido, não gosto de me queixar, e essa forma de ser sempre jogou contra mim", afirma.

Treinadores? Destaca o primeiro, que o lançou na alta-roda aos 16 anos, Ramón Díaz, a tranquilidade de Rijkaard e os ataques de fúria de Louis Van Gaal: "Quando se zangava, era tremendo. Gritava-nos muito perto da cara, e às vezes assustava. Tinha essa forma de sentir o jogo, com fervor, com paixão".

A mesma paixão que Saviola reconhece que sente quando joga futebol, mas que foi mudando ao longo dos anos, com a pressão e a responsabilidade. Tal como mudou o futebol de um compatriota incontornável, Lionel Messi: "Pessoalmente, é o mesmo; mas, futebolisticamente, mudou. Agora escolhe o momento e mata o jogo, dantes ia a todas, corria de um lado para o outro. Agora, lê o jogo e decide por puro talento", descreve.

Essa é a imagem que tem do craque da Barcelona nesta altura, mas a primeira recordação de Messi vem muito de trás. "Tinha partido o nariz e um amigo jornalista, que me falava muito dele, contou-me que estava mal e enviei-lhe uma camisola, para o animar. Depois, coincidimos nos meus últimos tempos no Barcelona e fomos ao Mundial de 2006. É um bom tipo, humilde".


 
 
 
 
 

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