Rússia suspende todos os envolvidos no sistema de dopagem

Em causa está o apelo da Agência Mundial Antidopagem, após a publicação do relatório McLaren.

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Eduard Korniyenko/Reuters

"Os responsáveis referidos no relatório como sendo os executores directos serão temporariamente suspensos de funções, até ao final do inquérito". Foi desta forma que a Rússia reagiu ao apelo da Agência Mundial Antidopagem (AMA), que, pelo presidente Craig Reedle, indicou que os visados no relatório McLaren deveriam ser afastados dos seus cargos, particularmente Vitaly Mutko, ministro russo dos Desportos e membro do Comité Executivo da FIFA.

Recorde-se que este relatório, elaborado para a AMA pelo professor canadiano Richard McLaren, desencobriu um sistema de dopagem que implica altas patentes do Desporto russo. Na prática, o relatório apontou que o ministro dos Desportos supervisionou um processo de manipulação de resultados das análises e troca de amostras de urina, para permitir que os atletas russos (dopados) competissem nos Jogos Olímpicos de Inverno de Sochi, em 2014, e nos Mundiais de Atletismo, em 2013. O relatório, que, para McLaren, é “credível e verificável”, refere que este esquema ajudou, pelo menos, 15 atletas a serem medalhados.

José Manuel Constantino, presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP) não se mostrou surpreendido. Em declarações à Agência Lusa, o presidente do COP refere que "a questão da dopagem na Rússia não resultava apenas de um problema estritamente desportivo" e que "era um problema que envolvia uma atitude política deliberada, organizada, devidamente preparada", acrescentando: "Creio que isto não é propriamente uma novidade".

José Manuel Constantino aponta a solução ideal - a de "separar aqueles que são responsáveis e aqueles que não são -, mas reconhece que é uma questão complexa. "Já não é um problema apenas dos atletas, é das autoridades, é da responsabilidade do Estado russo, das autoridades russas, dos políticos russos, dos governantes russos", explicou o presidente do COP.

"Vamos ter de aguardar o posicionamento do Comité Olímpico Internacional e das federações desportivas em relação a esta matéria. Mas estamos perante um facto, a escassos dias do início dos Jogos, que é uma situação extremamente difícil e complexa", alertou.

Texto editado por Nuno Sousa

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