Rui Vinhas fugiu para a etapa e acabou vestido de amarelo

Australiano William Clarke venceu a terceira etapa, em Macedo de Cavaleiros, mas o destaque vai para o novo líder, que beneficiou da desistência da Efapel de trabalhar no pelotão.

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Rui Vinhas (W52/FC Porto) é o novo líder da Volta DR

A terceira etapa da Volta a Portugal, entre Montalegre e Macedo de Cavaleiros (158,9 quilómetros), trouxe uma mudança de líder à corrida. O novo camisola amarela é Rui Vinhas (W52-FC Porto), que esteve em fuga durante grande parte da tirada e, aproveitando o ritmo calmo do pelotão, chegou à liderança. Mas não foi Vinhas que venceu a etapa, mas sim o australiano William Clarke (Drapac), que bateu o companheiro de fuga, o italiano Marco Frapporti (Androni) no sprint final.

Foi um início muito movimentado de corrida, a uma velocidade altíssima, o que provocou mesmo um corte no pelotão: ao quilómetro oito, 38 corredores ficaram na frente, incluindo o espanhol Gustavo Veloso (W52-FC Porto), vencedor das duas últimas edições da Volta a Portugal. A presença de Veloso nesse grupo provocou o “pânico” nas equipas de outros candidatos à vitória, nomeadamente na Efapel, que assumiu a perseguição. O ciclista galego aproveitou para bonificar na meta volante de Boticas mas a iniciativa do grande grupo não foi muito mais além, terminando ao quilómetro 38. Foi uma primeira hora de corrida “diabólica”, com uma média de 46,9km/h.

Passada essa primeira fase, os ciclistas entraram na contagem de montanha de Mosteiró de Cima, de segunda categoria. Com o pelotão compacto, o espanhol Josu Zabala (Caja Rural) abriu as hostilidades com um ataque que lhe permitiu passar na frente na meta de montanha. Foi depois alcançado, passando a haver uma nova situação de corrida, com Clarke e Frapporto na liderança, seguidos por um grupo de sete ciclistas, no qual estava o português Rui Vinhas.

Com a Efapel a desaparecer da frente do pelotão, o duo da liderança e os perseguidores foram ganhando muito tempo, com a vantagem máxima a chegar quase aos 11 minutos. No início da contagem de montanha da Serra de Bornes, a vantagem do duo era de 10 minutos sobre o pelotão. Por acção de equipas como o Boavista ou a LA-Antarte, no cimo da montanha já era de 8m30s e de 1m45s entre Clarke e Frapporti e os perseguidores. Rui Vinhas era, de longe, o camisola amarela virtual da Volta (estava a 39 segundos à partida para a etapa) e foi, por isso, o ciclista do W52-FC Porto a assumir as despesas do grupo quando este passou pela primeira vez na meta em Macedo de Cavaleiros.

No entanto, devido a uma vantagem de mais de dois minutos, percebeu-se que a vitória na tirada seria discutida entre o duo da frente. No sprint final, com muitos olhares entre ambos, Clarke foi o primeiro a arrancar e venceu tranquilamente, com Frapporti a mostrar que já não tinha pernas. Vinhas e o restante grupo de perseguidores chegaram a 54 segundos e, a partir daí, estava a contar o tempo para se saber com que vantagem ficava o português na classificação geral. Devido a um grande esforço da Efapel nos últimos 15 quilómetros, o pelotão chegou a 4m45s, o que significa que Vinhas ficou com uma vantagem de 3m13s sobre Daniel Mestre.

O director-desportivo da Efapel, Américo Silva, justificou a saída da equipa da frente do pelotão, logo após o alcançar do numeroso grupo de Gustavo Veloso, com o facto da Volta a Portugal não ser “um jogo de futebol entre o FC Porto e a Efapel”. O facto é que poderá ter sido uma estratégia perfeita. Ao abdicar da amarela, a equipa está também a procurar fugir ao trabalho na dura etapa deste domingo, entre Bragança e Mondim de Basto, que conta com cinco contagens de montanha, duas delas de primeira categoria, na Barragem do Alvão e no alto da Senhora da Graça.

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