Após ter adquirido na última quarta-feira 46,93% da Sociedade Anónima Desportiva (SAD) do Belenenses, Rui Pedro Soares lançou nesta quinta-feira uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) às restantes acções. A ideia do empresário, ex-administrador da Portugal Telecom (PT) é controlar os destinos do futebol profissional do clube, que atravessa uma situação financeira complicada.

 As negociações com a direcção do Belenenses prolongaram-se por algumas semanas e só anteontem o acordo foi oficialmente selado, com a venda de 46,93% das acções que o clube detinha na SAD à empresa Codecity Sports Management, representada por Rui Pedro Soares. O emblema do Restelo mantém ainda 15% do capital, que é o valor mínimo que os clubes são obrigados a deter nas respectivas sociedades, segundo a actual lei.

Um regulamento que poderá vir a ser alterada brevemente, com este limite mínimo reduzido para 10%. É que o Conselho de Ministros aprovou, no passado mês de Novembro, uma proposta de diploma que altera o regime jurídico das SADs e que foi baseada num ante-projecto que levantava essa hipótese. Se este cenário se comprovar, o PÚBLICO apurou que o Belenenses já se terá comprometido a alienar mais 5% das suas acções a Rui Pedro Soares.

Neste contexto, o empresário nem necessitaria da OPA para controlar a SAD de Belém. O problema é o tempo que poderá demorar a entrada em vigor do diploma, assim como a confirmação do seu conteúdo nesta matéria. Para prevenir essa hipótese, a Codecity lançou a presente OPA. Fora da esfera do Belenenses estão 32,5% pertencentes ao empresário Joaquim Oliveira e o restante encontra-se disperso por pequenos accionistas, mas seria suficiente para garantir a maioria à empresa de Rui Pedro Soares.

Para já, a Codecity investiu 469 euros para adquirir os 46,93% das acções do clube, ao ritmo de 0,1 cêntimos por acção. Este é também o valor oferecido pelo grupo de investidores que o ex-responsável da PT lidera. Com o controlo da SAD do Belenenses, Rui Pedro Soares irá também herdar uma situação de falência técnica do futebol profissional dos “azuis” do Restelo, com um passivo que já ultrapassará os 7,2 milhões de euros.

Um cenário que, a manter-se, poderá implicar a prazo a exclusão do clube das competições profissionais, por não cumprimento dos pressupostos financeiros exigidos pela Liga. Uma das grandes preocupações é a dívida ao Estado, com quem a SAD não tem cumprido os compromissos assumidos. Estes serão os principais motivos para a urgência da direcção do Belenenses (e da Codecity) em assegurar capital fresco. Uma das condições para tal investimento, será o controlo da SAD pelos novos investidores.