A RTP anunciou a compra dos direitos de transmissão das cerimónias de abertura e encerramento dos Jogos Rio 2016 e de 200 horas, em sinal aberto à Sportfive, a agência mandatada pelo Comité Olímpico Internacional (COI).

A estação pública confirmou ao PÚBLICO, através de uma nota da administração, que vai transmitir as cerimónias de abertura e encerramento em exclusivo em sinal aberto, uma modalidade exclusiva em directo e 200 horas do resto dos Jogos. Tendo em conta as boas perspectivas nacionais para o atletismo, prevê-se que seja esta a modalidade escolhida, e que, por ser um exclusivo absoluto da RTP, a Sport TV não poderá transmitir.

A RTP contradiz assim a Sport TV, que ontem anunciou que comprara os direitos televisivos do Rio 2016 e também dos Jogos Olímpicos de Inverno Sochi 2014 (que se realizam na Rússia) e se assumiu como a televisão oficial para Portugal da prova, numa cerimónia realizada na sede do Comité Olímpico Português. A estação pública também adquiriu os direitos para a rádio, não exclusivos, dos JO 2016. Contactada pelo PÚBLICO, a Sport TV reitera que “tem os direitos de todos os conteúdos dos Jogos Olímpicos Rio 2016 e recusa qualquer questão sobre exclusivos absolutos” que a RTP possa ter sobre uma modalidade, como garante a estação pública. “A Sport TV pode transmitir todas as modalidades dos jogos”, reitera a televisão de desporto.

“Na sequência duma prolongada negociação com a Sportfive, agência mandatada pelo COI, a RTP adquiriu os direitos exclusivos de transmissão na TV portuguesa das cerimónias de abertura, encerramento e uma modalidade à escolha e cuja transmissão em directo, em Portugal, só ocorrerá na RTP (essa modalidade será identificada oportunamente)”, diz a estação pública.

A Sportfive, acrescente-se, é a mesma entidade com que a Sport TV negociou. Trata-se da agência mandatada pelo COI para negociar os direitos de transmissão, depois de as negociações de vários anos com a UER – União Europeia de Radiodifusão não terem chegado a bom porto.

Também comprou, acrescenta, “os direitos exclusivos para exibir em canal aberto, em directo ou diferido, 200 horas dos Jogos Olímpicos de 2016, que é mais do que alguma vez foi transmitido em canal aberto na TV portuguesa”. O que significa que irá emitir no canal 1 ou 2, ou ainda na RTP Informação se este canal nessa altura já estiver a ser emitido na oferta gratuita da TDT (Televisão Digital Terrestre), como o Governo pretende que aconteça em breve.

No ano passado a estação pública também foi a televisão oficial das Olimpíadas de Londres e distribuiu as 500 horas de emissão pelos canais RTP 1 e2, RTP Informação e RTP Olímpicos (o canal temporário que criou para as plataformas de TV paga como o meo, ZON e Vodafone).

“Por opção, justificada pela ausência de atletas portugueses de relevo e pela inexistência duma prática consolidada das modalidades de inverno em Portugal, a RTP optou por não adquirir quaisquer direitos de transmissão dos Jogos Olímpicos de Inverno – Sochi 2014”, acrescenta a administração liderada por Alberto da Ponte.

A RTP diz que o processo de aquisição dos Jogos Rio 2016 foi concluído “recentemente”, sem especificar datas e também não faz qualquer referência aos custos envolvidos.

A TV pública portuguesa comprou também, através da União Europeia de Radiodifusão (UER), os direitos exclusivos dos Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro 2016, o que significa que será a única estação a poder transmitir esta prova. “Em Portugal, todos os direitos deste importante evento são exclusivo da RTP”, vinca a estação, no que pode ser interpretado como uma resposta indirecta ao comentário do director-geral da Sport TV que ontem disse que deixara fora do pacote que comprara ao COI os Jogos Paralímpicos, mas admitiu que esse assunto não estava ainda fechado.

Tradicionalmente, a RTP tem sido a detentora dos direitos dos Jogos Olímpicos para Portugal porque tinha acesso privilegiado através da UER – União Europeia de Radiodifusão. Pelos jogos de 2012, em Londres, a RTP terá pago cerca de cinco milhões de euros. A factura que cada país paga à UER depende do seu mercado de audiências e publicidade.

Em Portugal, a lista de acontecimentos considerados de interesse generalizado do público que devem ser (mas não obrigatoriamente) transmitidos em canais de sinal aberto inclui sempre, em anos de Jogos Olímpicos, as cerimónias de abertura e de encerramento e as participações de atletas portugueses.