Benfica reencontra o seu primeiro adversário europeu

O Sevilha foi o clube que marcou o início da história europeia dos "encarnados" e nunca mais se cruzou com os lisboetas.

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O Sevilha defrontou o Estoril e o FC Porto na edição deste ano da Liga Europa Marcelo del Pozo/Reuters

Para a sua estreia em competições europeias, o Benfica não precisou de fazer uma viagem muito grande. Foi uma viagem de avião que, actualmente, se faz em pouco mais de uma hora. A comitiva “encarnada” embarcou em Lisboa às 4h da manhã de 19 de Novembro de 1957 para defrontar, 11 horas depois, o Sevilha FC na primeira mão da primeira eliminatória da Taça dos Clubes Campeões Europeus. Seria uma estreia amarga para os benfiquistas, uma derrota por 3-0 que não conseguiram anular na segunda mão, uma semana depois na Luz, com um empate sem golos.

Depois dessa eliminatória, nunca mais as duas equipas se cruzaram na Europa. A 14 de Maio próximo, 57 anos depois, Benfica e Sevilha voltam a encontrar-se, desta vez para disputar a final da Liga Europa, em Turim, e a verdade é que os andaluzes são daqueles exemplos raros — o Nottingham Forest é outro — com mais títulos europeus que títulos de campeão do seu país. Apenas uma vez o Sevilha foi campeão de Espanha (1946), mas já conta no seu palmarés com dois triunfos na Taça UEFA (2006 e 2007) e uma Supertaça Europeia (2006).

Longe de estar ao nível dos três primeiros de Espanha, o Sevilha está no segundo pelotão e já sem hipóteses de chegar à Champions. Depois de um mau início de época, em que só conseguiu ganhar um jogo à sexta jornada, a formação orientada por Unay Emery estabilizou e tem causado bastantes problemas aos primeiros, com provam o triunfo sobre o Real Madrid ou o empate com o Atlético, no Vicente Calderón.

O Sevilha é uma equipa com sabor português. Na baliza está Beto, internacional português formado nas escolas do Sporting e com passagens por FC Porto e Sporting de Braga. Já vai na sua segunda época como titular indiscutível da baliza dos andaluzes e é um guarda-redes experiente com rodagem europeia. Quanto a Diogo Figueiras, contratado ao Paços de Ferreira no último Verão, também está entre as primeira escolhas de Emery, sendo o posto de defesa-direito quase sempre deste jovem ribatejano que chegou a passar pela formação do Benfica.

A completar o trio lusitano está Daniel Carriço, emprestado aos sevilhanos pelo Reading, que também conquistou um lugar no “onze”. A sua polivalência é uma arma, mas Carriço, um central de formação desde os tempos do Sporting, actua, sobretudo, como médio defensivo e, apesar de alguma inconstância devido a lesões, tem feito boa época.

É no ataque que os sevilhanos têm as suas maiores armas. O colombiano Carlos Bacca e o luso-francês Kevin Gameiro formam uma dupla temível, cada um deles com 21 golos marcados na presente temporada. Numa equipa recheada de jogadores com rodagem internacional, destacam-se ainda o médio ofensivo suíço Ivan Rakitic, o experiente extremo espanhol (e ex-jogador do Benfica) José António Reyes, o alemão Marko Marin ou o camaronês Stéphane Mbia.

A carreira europeia deste Sevilha tem sido, no mínimo acidentada. Só chegou à Liga Europa devido à desclassificação do Málaga, e, depois de uma fase de grupos relativamente tranquila (em que encontrou o Estoril-Praia), teve uma eliminatória complicada com o Maribor. Depois, veio o duelo com o rival Bétis, em que só se qualificou nos penáltis, deixando depois pelo caminho o FC Porto graças a um triunfo caseiro por 4-1 na primeira mão, depois de ter perdido no Dragão por 1-0. As verdadeiras emoções aconteceram nas meias-finais com o Valência, em que, depois de vencer por 2-0 no Ramón Sanchéz Pijzuan, esteve a perder no Mestalla por 3-0, até Mbia marcar aos 90’+4’ e garantir o bilhete para Turim.

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