Real em Turim para encerrar 28 anos de maldição italiana

Merengues não vencem em Turim desde 1962. Juventus aposta num “jogo perfeito” para chegar à sua oitava final da Champions.

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Carlo Ancelotti aposta na segurança defensiva em Turim Max Rossi/Reuters

Os clubes italianos não vivem dias de fulgor no futebol europeu e isso reflecte-se no ranking da UEFA, onde a melhor equipa transalpina, a Juventus, ocupa um modesto 14.º lugar. O conjunto de Turim surgiu, assim, como uma espécie de parente pobre do sorteio das meias-finais da Liga dos Campeões, que juntava os três primeiros classificados de uma tabela liderada pelo Real Madrid, com quem disputará a partir de hoje o acesso à final de Berlim. Os actuais campeões europeus partem como favoritos, mas têm de contrariar a tradição que se foi cimentando nos últimos 28 anos de nunca ultrapassarem um conjunto italiano em eliminatórias a duas mãos.

Para esta maldição contribuiu a Juventus nas temporadas de 1995-96 (quartos-de-final da Champions), 2002-03 (meias-finais) e 2004-05 (oitavos-de-final). Das três vezes, os madridistas ficaram pelo caminho e Massimiliano Allegri, treinador do conjunto de Turim, acredita que a tendência pode manter-se se a sua equipa estiver ao melhor nível esta noite, perante os seus adeptos. “Em jogos como este, é preciso ambicionar e, quem sabe, realizar o jogo perfeito, fazendo coisas fantásticas no ataque e na defesa. Não creio que os dois jogos terminem empatados sem golos, por isso teremos de estar particularmente bem no ataque”, alertou o técnico italiano ontem na antevisão do encontro.

Para além da malapata em embates duplos com equipas italianas, que dura desde 1987, o Real tem ainda um registo muito negativo nas partidas disputadas em Turim, onde venceu pela última vez a 28 de Fevereiro de 1962 (1-3). Um dado que não foi esquecido ontem por Carlo Ancelotti: “Ganhar aqui não é fácil, porque a Juventus sempre teve equipas muito competitivas. Mas temos um sonho de ganhar duas vezes a Champions.”

Ancelotti parte ainda com uma motivação pessoal extra para esta meia-final, em que defronta um emblema que já orientou numa fase inicial da sua carreira e de onde foi despedido em 2001 sem alcançar êxitos desportivos de relevo. A experiência não lhe deixou boas recordações, como o próprio confessou numa autobiografia, publicada em 2013. “Nunca gostei de Turim. Demasiado glamorosa e um par de galáxias além do meu estilo de vida (…) A Juventus é uma equipa que nunca amei e que provavelmente nunca amarei”, escreveu no livro “Minha árvore de Natal”.

Excertos que têm sido amplamente difundidos por estes dias em Espanha e Itália e que prometem aquecer ainda mais o ambiente nas bancadas do Juventus Stadium. Algo para que Ancelotti não quis contribuir na antecipação do encontro, optando por uma abordagem do tema mais assertiva: “Estive aqui dois anos e dei-me muito bem com parte dos adeptos. Tive problemas com alguns adeptos, mas aprendi muito e ajudou-me a crescer.”

Allegri não quis igualmente alimentar polémicas com o seu compatriota, a quem deixou elogios. “Ancelotti é um treinador e uma pessoa de quem eu gosto. Alguém que ganha em Itália, Inglaterra, França e Espanha é porque é mesmo muito bom”, defendeu

Coentrão na calha
Uma das apostas do treinador do Real para esta visita a Turim poderá passar por dar a titularidade a Fábio Coentrão no lado esquerdo da defesa, deixando no banco o brasileiro Marcelo. O internacional português garante uma maior segurança defensiva à equipa, como o comprovou nos quartos-de-final da Champions frente ao Atlético de Madrid.

Ancelotti não confirmou nem desmentiu a possibilidade, mas admitiu que a sua equipa terá de ter especiais cautelas na retaguarda. “O importante é jogar ao máximo nível possível, mostrando toda a qualidade que temos. Quando digo que empatando as duas partidas pode servir para passar [a eliminatória], não quero dizer que não vamos atacar. Temos de atacar para conseguir um bom resultado, mas sobretudo defender melhor do que temos feito ultimamente”, concluiu.

A partida de Turim será marcada por ausências importantes em ambos as equipas, todas devido a lesões. Modric e Benzema não estão disponíveis no Real, enquanto Asamoha, Cáceres, Marrone, mas principalmente Pogba serão baixas na Juventus.

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