Puxará o Barcelona definitivamente o tapete a Guardiola em Munique?

Os maus resultados recentes do Bayern originaram pela primeira vez críticas ao treinador espanhol e nova derrota no duelo desta noite contra o Barcelona pode tornar a posição do catalão insustentável.

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Reuters

Na Bundesliga, depois de garantido o título, o Bayern Munique leva já duas derrotas consecutivas. Nas meias-finais da Taça da Alemanha, os bávaros escorregaram na marcação das grandes penalidades em casa contra o Borussia Dortmund e ficaram pelo caminho. Há uma semana, em Barcelona, Messi, Neymar e companhia deixaram os alemães com um pé e quatro dedos fora da Liga dos Campeões. A atravessar o pior período desde que chegou a Munique, Pep Guardiola passou a estar no ponto de mira de figuras históricas do campeão germânico, que não poupam nas críticas ao treinador, mas na véspera de novo reencontro com o Barcelona, o técnico garantiu que continuará no Bayern na próxima época e disse acreditar na qualificação para a final da Liga dos Campeões, mas acrescentou que é “realista”: “O 3-1 frente ao FC Porto foi totalmente distinto.”

Três derrotas consecutivas da sua equipa era algo que os adeptos do Bayern Munique já não assistiam desde 2010-11, temporada em que o treinador dos alemães era Louis van Gaal e os bávaros não foram além da terceira posição na Bundesliga, a 10 pontos do Borussia Dortmund.

Se os dois desaires no campeonato criaram desconforto mas não tiveram consequências a nível classificativo, a derrota clara por 3-0 em Barcelona, na primeira mão das meias-finais da Liga dos Campeões, deixou Guardiola, pelo segundo ano consecutivo, à porta do afastamento na véspera da final e o previsível falhanço mexeu com o orgulho de algumas figuras emblemáticas do Bayern.

Lothar Matthäus, antigo capitão do campeão alemão e um dos rostos maiores da história do clube, criticou a rotação que o catalão operou esta época e considerou que isso tirou confiança aos atletas: “Guardiola disse que a temporada estava terminada e tem rodado tanto o plantel que desestabilizou os jogadores. O Bayern não tem a estabilidade que teve durante oito meses onde encantou os adeptos no Norte ao Sul da Alemanha. Fica a sensação de que os jogadores perderam um pouco a confiança em Guardiola e ele nos objectivos a que se propunha”, afirmou o tricampeão do Mundo.

Já Stefan Effenberg, que também chegou a envergar a braçadeira de capitão do Bayern, apontou ao estilo de jogo implementado por Guardiola: “O Bayern tem sempre entre 65 e 70% de posse de bola e quer a todo o custo jogar de forma ofensiva. Foi assim que se deu mal nas meias-finais da Liga dos Campeões de 2014, tanto em Madrid como em casa.”

Ontem, perante os jornalistas na antevisão de novo frente a frente com o Barcelona, foi Guardiola que passou ao ataque. O técnico disse que “a opinião das lendas do clube, dos jornalistas ou dos dirigentes” não lhe interessam e, confrontando com os rumores de uma possível mudança para o Manchester City, foi contundente: “Já disse milhões de vezes que tenho contrato até 2017. Vou ficar cá e é tudo.”

Sobre o duelo contra os seus conterrâneos, onde tem que recuperar de uma desvantagem de 0-3, Guardiola disse que a sua equipa terá que “defender em primeiro lugar”. “Gostaria de fazer um golo em cada oportunidade, mas quanto mais rápido atacas, mais rápido te fazem um contra-ataque. O Barcelona converteu-se na melhor equipa do Mundo no contra-ataque. Se nos desorganizamos, eles vão penalizar-nos”.

Lamentando continuar a não ter à sua disposição Franck Ribéry e Arjen Robben, o catalão recusou fazer qualquer paralelismo com a eliminatória anterior, onde conseguiu o apuramento depois de recuperar na Allianz Arena de uma desvantagem de dois golos trazida do primeiro jogo: “Sou realista. Perder 3-1 com o FC Porto é totalmente diferente de perder 3-0 em Camp Nou. É um grande desafio. Temos de usar a cabeça, não só o coração, e ser pacientes.”

As referências ao contra-ataque do Barcelona foram entendidas por Luis Enrique como um elogio, mas o treinador dos catalães garantiu que não quer “um jogo louco”. “Podemos aproveitar alguns contra-ataques e em alguns momentos jogaremos para atacar os espaços, mas preferimos ter posse de bola.”

Na época de estreia no comando do Barcelona, Luis Henrique já garantiu o apuramento para a final da Taça do Rei, tem quatro pontos de vantagem sobre o Real Madrid no campeonato e tem o bilhete quase assegurado para Berlim, onde será disputado o jogo decisivo da Liga dos Campeões, mas o asturiano diz que para já, apenas está preocupado em “ajudar os jogadores” e que em Munique viverá “apenas mais uma noite”, à espera que surja “outra ainda mais importante”. “Espero dormir bem hoje [hoje].”

Sem esquecer que “eles vêm de uma ´remontada’ nos quartos-de-final”, o técnico espanhol de 45 anos diz ter consciência do que o Bayern Munique “é capaz” e está preparado para “sofrer” na Allianz Arena. “Tentaremos realizar uma partida parecida com a da primeira mão, com ocasiões a nosso favor e poucas contra”, afirmou. “[A vantagem na eliminatória] não terá influência. Preparamos o jogo como todos os outros. O Barça não especula. A partida será bonita porque estarão em campo duas equipas à procura do triunfo.”

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