Quaresma mostra esboço do arco do triunfo

Portugal venceu uma Noruega especialmente jovem por 3-0, naquele que foi o primeiro teste com vista ao Euro 2016?.

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Éder marcou o terceiro golo de Portugal
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Éder marcou o terceiro golo de Portugal Francisco Leong/AFP

Portugal cumpriu o prometido, no Estádio do Dragão, ao derrotar uma Noruega insossa, sem grandes argumentos para se fazer passar pela Islândia que o Europeu reservou à selecção nacional para primeiro prato. Fernando Santos ficou, assim, a apenas um golo dos 4-0 que marcaram o primeiro embate entre as duas selecções e que colocou estrelas como Eusébio e companhia no firmamento que agora se pretende alcançar em França.

Portugal entrou absolutamente dominador no primeiro encontro de preparação, a obrigar o adversário a fortificar, dentro da medida do possível, a já de si ultra-defensiva estratégia pensada e assente num bloco frio e hermético, mas que haveria de derreter ao primeiro toque de magia de Ricardo Quaresma (13').

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A simulação perfeita de cruzamento em jeito de uma trivela típica paralisou toda a defesa nórdica, presa na beleza do gesto, que deixou o guarda-redes pregado ao solo, a admirar a trajectória do arco do extremo português.

Portugal parecia imparável e Éder podia ter antecipado a resposta e reduzido a escombros uma muralha que aos poucos se foi adaptando à realidade, passando a incomodar Anthony Lopes, José Fonte e Ricardo Carvalho.

Subitamente, King reclamava o seu reino, imprimindo uma velocidade que expôs a veterania da defesa lusa. Uma saída incompleta de Lopes animava os convidados, mas o avançado do Bournemouth, numa das últimas aparições, iria permitir que o guardião português se redimisse, emendando uma hesitação quase fatal de Fonte.

Os pratos da balança começavam a nivelar-se, apesar da incapacidade norueguesa para se expressar para lá de um futebol directo e vertical, invariavelmente em busca da única referência ofensiva.

Fernando Santos terá então concluído que não pensou em tudo, pois dificilmente contaria com um opositor tão desfalcado e que, já a pensar na qualificação para o próximo Mundial, aproveitou a viagem a Portugal para tentar perceber a real dimensão futebolística de jovens que poderão estar na base de uma futura geração.

Na Noruega o campeonato nem sequer parou para ver a selecção, o que, a somar à vaga de lesões que afecta os jogadores mais credenciados, limitou drasticamente as opções de Per-Mathias Hogmo. Nada de grave ou dramático para os nórdicos, até porque o grande interessado deste particular era Fernando Santos, que até pode usar este resultado como trunfo para impor maior respeito nas hostes islandesas.

Com todas estas contingências, Portugal acabou por receber uma sombra do adversário esperado, no fundo uma equipa menos apta a colocar os obstáculos de que Santos necessitava para um teste mais duro e próximo do modelo que enfrentará a 14 de Junho, quando se deparar com a selecção da Islândia, uma estreante em fases finais, mas que ostenta um cartão-de-visita que não pode ser menosprezado.

Noruegueses à parte, o jogo servia vários propósitos, como o aquilatar do momento de João Moutinho, referência num meio-campo sem os habituais lugares-tenente. Um jogo completo em dois meses gera dúvidas e nada melhor que o calor do Dragão para testar o momento do pêndulo da equipa. Moutinho respondeu com passes teleguiados a mostrar que só precisa de minutos para ficar au point.

Dissipadas as dúvidas, Fernando Santos deu início à rotatividade no banco com a substituição de Moutinho. As alterações sucederam-se e Portugal seguiu sem travar o seu rumo, acabando os golos de Raphael Guerreiro (livre directo) e Éder (desvio na pequena área a passe de João Mário) com quaisquer dúvidas sobre a capacidade de reinventar soluções sem quebrar o fio de jogo.

Para a Noruega já não havia muito mais a acrescentar. Tal como nos dias de Eusébio, fica a ideia de que com Ronaldo, Nani, Bruno Alves e Pepe esta bandeira pode muito bem chegar ao topo.

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